O coordenador do BE/Açores acusou hoje o Governo Regional de “dormir à sombra da bananeira” acerca da possível redução de fundos do programa de apoio comunitário à agricultura da região, considerando “inaceitável” a redução da verba.
António Lima referiu que é necessário existir uma “postura de exigência e cooperação permanente” com o Governo nacional e criticou o executivo regional, liderado pelo socialista Vasco Cordeiro, por ter “desvalorizado a possibilidade” de existir uma redução do Programa de Opções Específicas para o Afastamento e a Insularidade nas Regiões Ultraperiféricas (POSEI).
“O Governo sentou-se um pouco à sombra da bananeira, pensando que estava mais ou menos tudo garantido, quando na verdade não está”, afirmou o coordenador bloquista na região.
O candidato do Bloco pelos círculos de São Miguel e compensação às próximas eleições regionais de 25 de outubro falava hoje, na Ribeira Grande, após uma reunião com a Federação Agrícola dos Açores.
“Não é de forma alguma aceitável, não podemos aceitar. Para o Bloco de Esquerda, não pode estar em cima da mesa uma redução no POSEI para a agricultura”, afirmou.
Em 18 de outubro, o presidente do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, definiu como “incompreensível” uma eventual redução do programa de apoio comunitário à agricultura, lembrando o compromisso do anterior comissário europeu da pasta sobre a matéria, uma promessa que o BE nunca valorizou.
“Nunca nos pareceu que essa promessa pudesse ser levada muito a sério porque teria de ser alvo de decisões posteriores, como veio a acontecer”, declarou.
O líder parlamentar do Bloco na Assembleia Regional na atual legislatura disse também não ser “compreensível” que Vasco Cordeiro tenha feito “recentemente” uma “grande celebração da distribuição de fundos europeus para os Açores”.
“Aquilo que foi distribuído foram os fundos relativos ao chamado fundo de recuperação, a chamada bazuca europeia. Sabemos que nesta altura o POSEI está em risco sério de ter um corte”, assinalou.
Na ocasião, António Lima destacou o “papel extremamente importante” do setor agrícola nos Açores, que “garante o sustento a muita gente”, e realçou a “crise acentuada” vivida pelo setor do leite no arquipélago.
Em 10 de setembro de 2020, o Governo Regional anunciou que os Açores vão receber quase o dobro dos fundos comunitários, face ao atual quadro comunitário, com um aumento de 92%, que corresponde a mais 1.145 milhões de euros.
As próximas eleições para o parlamento açoriano decorrem em 25 de outubro.
Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).
O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.
Nas eleições regionais açorianas existem nove círculos eleitorais, um por cada ilha, mais um círculo regional de compensação que reúne os votos que não foram aproveitados para a eleição de parlamentares nos círculos de ilha.