Agricultura de precisão: Os impactos que têm tido as chamadas “alterações climáticas”

Vários produtores e profissionais do setor vitivinícola nacional explicaram quais os impactos que têm tido com as chamadas ‘alterações climáticas’ e o que estão a fazer para mitigar os seus efeitos.

É uma questão polémica, mas não há forma de a evitar ou de fingir que não existe. Pode-se chamar ‘alterações climáticas’ ou mudança nos comportamentos do clima, padronizados há séculos.

Segundo avançou o Jornal Económico o aumento da temperatura é um facto referenciado pela totalidade do painel dos seus entrevistados para o ‘Especial Vinhos 2019’.

O aumento da temperatura, mas também o aumento dos seus picos, os chamados ‘escaldões’. Temíveis, para as plantas e para os seres humanos. Também uma não diferenciação balizada das estações. E a falta crescente de precipitação, com períodos de chuva intensa e fora de época. Tendo como resultado a escassez do precioso bem que é a água e a erosão do solo. E implicando a perda de produção e a perda de qualidade, assim como a propagação de novas pragas e doenças nas vinhas.

E se a resposta à questão sobre se as ‘alterações climáticas’ estão a ter efeito na produção de vinho em Portugal é praticamente consensual, já a resposta à questão sobre o que se está a fazer para a contornar ou mitigar revela uma profunda preocupação dos produtores, que nem tudo é mau e que há males que vêm por bem. A pressão gerada pela inconstância climática está a fazer sobressair em Portugal um setor mais profissionalizado, com mais técnica, fomentando uma agricultura de precisão.

O calendário na vinha está a ser antecipado, em particular na fase das vindimas, crucial para o resultado final. Há vinhas em maior altitude, colocando mais problemas técnicos e de escassez de recursos humanos, levando à procura de soluções de colheita mecanizada.

Ou a adoção de soluções para monitorizar o uso da água, desde a rega gota a gota, perfurações subterrâneas, reciclagem da água usada na adega ou construção de reservatórios ou barragens para reter este bem escasso.

Outras técnicas a que os produtores estão a recorrer passam pela aposta no modo de produção biológico e nas castas autóctones, mais resistentes; redução de utilização de pesticidas; gestão de resíduos mais eficiente; fomento da biodiversidade funcional nas quintas; enrelvamento; técnica de enrola, utilização de castas híbridas, plantação de oliveiras em bordadura, despontas, e retardamento do início da poda.

Ou práticas mais exóticas como o sombreamento artificial da vinha, a utilização de um ‘protetor solar’ para as parreiras com base numa argila branca (caulino) ou pulverização de aminoácidos assimiláveis de origem fúngica.


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