Agricultura: Fenómenos extremos já custam 28 mil milhões anualmente

O setor agrícola europeu perde, em média, 28 mil milhões de euros por ano devido a condições meteorológicas adversas, com projeções de que essas perdas ultrapassem os 40 mil milhões de euros anuais até 2050.

A conclusão é de um relatório da corretora de seguros Howden, apoiado pela Comissão Europeia (CE) e pelo Banco Europeu de Investimento (BEI), intitulado “Ferramentas de Seguro e Gestão de Riscos para a Agricultura na UE”.

&nbsp

As perdas médias anuais atuais devido a riscos climáticos — como seca, precipitação, granizo e geada — equivalem a 6,4% das colheitas da União Europeia (UE), podendo ultrapassar os 10% nos piores anos.

Até 2050, num ano catastrófico, as perdas agrícolas (culturas e pecuária) a nível da UE podem ultrapassar os 90 mil milhões de euros, um aumento de 40% impulsionado pelas alterações climáticas.

&nbsp

Segundo o relatório, a seca representa mais de 50% do total das perdas agrícolas e é a maior ameaça em todas as regiões da UE.

“A volatilidade climática está a colocar uma pressão crescente sobre os agricultores e, em última instância, sobre os consumidores. Este relatório constitui um claro apelo à ação para que a agricultura e os governos locais da UE se adaptem. Formas mais robustas de financiamento climático e a implementação de uma quantificação de risco consistente são essenciais para acelerar a adaptação e garantir a segurança futura deste setor essencial”, afirmou Luigi Sturani, CEO da Howden Europe.

&nbsp

Os dados também revelaram variações significativas entre países. Nas próximas décadas, perdas catastróficas podem atingir os 20 mil milhões de euros só em Espanha e Itália, enquanto economias mais pequenas da Europa Central e Sudeste podem vir a enfrentar perdas agrícolas superiores a 3% do seu PIB em anos de perdas extremas.

A análise explica anda que, com o agravamento do aquecimento global, a floração e a brotação mais precoce das vinhas e árvores de fruto levará a perdas mais devastadoras nas culturas de uva e fruta devido às geadas primaveris. Por outro lado, tempestades mais frequentes e intensas vão aumentar as perdas devido a granizo e inundações.

&nbsp

Neste sentido, o aumento das perdas frequentes de menor escala também irá pressionar ainda mais os rendimentos e lucros dos agricultores, reduzindo os “bons anos” que permitiriam criar ou manter reservas.

De acordo com o relatório, apenas 20% a 30% das perdas relacionadas com o clima estão cobertas por sistemas de seguros públicos, privados ou mutualistas.

“Os riscos relacionados com o clima são uma fonte crescente de incerteza para a produção alimentar. A mitigação destes riscos através de mecanismos de seguro e de redução de riscos é essencial para apoiar os investimentos dos agricultores europeus. Os resultados desta análise orientarão a nossa ação futura, à medida que intensificamos o apoio para reforçar a resiliência do sistema agrícola da EU”, sublinhou Gelsomina Vigliotti, vice-presidente do BEI.

O estudo pretendeu oferecer uma avaliação financeira e baseada em riscos sobre como as alterações climáticas estão a impactar a produção agrícola europeia nos 27 países da UE. Segundo os autores do estudo, trata-se da primeira avaliação financeira à escala europeia dos impactos dos riscos climáticos nas colheitas atuais e futuras, abrangendo múltiplas ameaças e utilizando métricas de risco.

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


Publicado

em

,

por

Etiquetas: