A Agricultura não pode parar com especial atenção pela Agricultura Familiar. É que falar em Agricultura é falar em alimentação, e quando se produz bens agroalimentares em proximidade com o consumo, isso é uma mais-valia. E em tempos de crise, mais ou menos aguda, ainda é mais estratégico.
A Agricultura Familiar também é decisiva para o Mundo Rural. E o problema no Mundo Rural Português não é haver Agricultura Familiar a mais, é havê-la a menos.
As ruas da minha Aldeia não são como as ruas de Lisboa, Madrid, Uhan. As ruas da minha Aldeia andam vazias e a maioria das suas casas está oca de Gente e desde há já vários anos. E as ruas de Lisboa e Madrid, agora já menos Uhan, estão com falta de Gente também porque até há dois meses atrás andavam com (muita) Gente a mais…
O maior problema das ruas da minha Aldeia continua a ser o não nos cruzarmos com alguém horas e horas a fio… É uma tristeza !
Nas ruas da minha Aldeia, podemos espirrar constipados que não “infectamos” o vizinho…porque este vive a pelo menos 50 metros de nós… Por isso mesmo, não podem violar a singeleza da minha Aldeia e enfiá-la num vestido forçado, assim como um “colete-de-forças” sanitário ou não.
O maior “inimigo” do Mundo Rural continuam ser o isolamento, a desertificação humana e ambiental.
Porém, por causa de um “bicho ruim” (pior que as cobras…), o tal “corona vírus” na sua estirpe “covid 19”, vieram obrigar-nos a irmos para a gaiola. “Fiquem em casa !” – dizem-nos. E porque quem nos diz isso são “homens honoráveis”, e nos dizem que é para nosso bem, nós acomodamo-nos, e ficamos por casa. Mas, assim, mais aumenta o isolamento…
Sim, a Agricultura não pode parar !
Para os campos da minha Aldeia eu quero ir. Eu quero enfiar as mãos pela terra dentro, e cheirá-la, e prepará-la para que ela produza aquelas “pérolas” que eu e os meus, e outros ainda, poderemos comer, até sem ter de as lavar, a muitas delas. E por produzirmos esses Produtos, em família, não teremos que ir comprar outro tipo de comida, lá mais para o Verão, nos grandes hipermercados “carregados” de Gente a atropelar-se com os carrinhos das compras… Assim, têm menos lucros esses hipermercados. Paciência, até porque “eles” gostam de se travestir de instituições de caridade aliás como agora volta a acontecer…
Para os campos da minha Aldeia eu quero ir a espairecer !
Eu quero ir para os campos da minha Aldeia onde os pássaros do campo não sabem do tal “bicho ruim” e voam e cantam e gritam alto apenas confinados ao desenho do seu voo. Não querem gaiolas ainda que lhes digamos que é para os proteger das intempéries…
Eu sou como os pássaros do campo. Fujo de gaiolas. O meu problema é que já aprendi a voar sozinho de tão poucos “pássaros do campo”, como eu, já haver nos campos da minha Aldeia.
Sim, também em tempos de crise :
Viva a Agricultura Familiar !
Membro da Direção da CNA, Confederação Nacional da Agricultura