O artigo divulgado aqui é parte integrante da última edição da Revista Espaço Rural da CONFAGRI.
Excerto do artigo.
A pandemia causada pela Covid-19 veio acentuar algumas das fragilidades do sector agrícola. De imediato foi possível observar, através das várias reportagens apresentadas pelos meios de comunicação social, a confirmação do problema da falta de organização da produção. Após o encerramento do canal “Horeca”, foram demasiado notórias as dificuldades de sectores como o da produção de leite e queijo de pequenos ruminantes, ou da produção de carne. Ficou também claro e evidente, durante este período, que os pequenos produtores mais afastados dos grandes centros urbanos, a operar isoladamente, encontraram maiores dificuldades na colocação dos seus produtos.
Pese embora o esforço do Ministério da Agricultura em promover tanto o comércio de proximidade como o comércio eletrónico, a realidade é que mesmo com alguns casos de sucesso, aqueles sectores continuaram a não registar melhorias significativas. Ou seja, independentemente da modalidade, as cadeias curtas, incluindo os mercados locais podem dar uma ajuda no escoamento dos produtos mas, não são, em definitivo, a solução para o problema, dado a distribuição da população no território não ser.
Assim, para apoiar os produtores agrícolas, e, em especial, os produtores dos territórios vulneráveis, de acordo com a delimitação definida na Portaria n.º 301/2020 de 24 de dezembro, é fundamental estimular a criação de organizações de produtores para que estas possam contribuir para ajudar à sustentabilidade dos respetivos agricultores locais, disponibilizando-lhes, designadamente, assistência técnica e aconselhamento na gestão, apoio na programação e otimização da produção, na concentração e na colocação no mercado dessa mesma produção, contribuindo deste modo para o reforço do poder negocial dos agricultores.
Por outro lado, e considerando as questões relacionadas com a organização da produção, é interessante observar que nos territórios rurais, que abrangem mais de 160 concelhos do território continental, apenas existem atualmente 22 organizações de produtores, reconhecidas ao abrigo da Portaria n.º 298/2019 de 9 de setembro, ou seja, cerca de 60% dos concelhos do território apenas possui 20% das organizações de produtores.
O artigo foi publicado originalmente em CONFAGRI.