Ajuda humanitária caiu 15% este ano em Cabo Delgado

resposta humanitária em Moçambique continua a enfrentar desafios significativos. Até ao final de julho de 2025, cerca de 782 mil pessoas tinham recebido assistência — cerca de 71% da população-alvo (1,1 milhões) em Cabo Delgado”, lê-se num relatório do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês), divulgado hoje.

De acordo com o OCHA, estes dados representam um declínio de 15% em comparação com as 923 mil pessoas apoiadas durante o mesmo período do ano passado em Cabo Delgado, província rica em gás, que enfrenta um conflito armado desde 2017, “evidenciando uma redução mais ampla da capacidade operacional”.

“A maior parte do alcance atual é atribuída ao Grupo de Segurança Alimentar e Meios de Subsistência, que atingiu 782 mil pessoas, embora as distribuições sejam reduzidas para um período bimestral e cubram apenas 39% das necessidades calóricas”, refere o OCHA, avançando que, ao excluir a assistência alimentar, o número de pessoas alcançadas desce “drasticamente” para 427 mil.

De acordo com aquela agência da ONU, o financiamento disponível diminuiu significativamente, tendo sido recebido “um total de 66 milhões de dólares [56,2 milhões de euros], contra uma necessidade de 352 milhões de dólares [299,9 milhões de euros], refletindo uma redução de quase 45% em relação aos níveis de 2024”.

“Ao mesmo tempo, o número de organizações de implementação caiu de 78 para 56 parceiros (26 Organizações Não-Governamentais internacionais, 21 ONG não governamentais, 6 organismos governamentais e 3 agências da ONU). As ONG nacionais e as entidades governamentais, em conjunto, representam agora quase metade de todas as intervenções”, explica-se no documento.

Devido à queda drástica do financiamento, o OCHA avançou que o Plano de Ação para o Desenvolvimento Sustentável de 2025 foi “hiperpriorizado” em março deste ano, tendo os distritos de Macomia, Muidumbe, Nangade e Quissanga sido identificados como de maior prioridade.

“A análise granular da resposta nestes distritos indica que a assistência continua fortemente concentrada na Segurança Alimentar, com um fornecimento muito limitado de apoio multissetorial. As necessidades críticas em abrigo, saúde, higiene e proteção continuam a ser severamente sub-atendidas. Não houve expansão consistente entre os grupos até meados do ano”, acrescenta a agência das Nações Unidas.

A província de Cabo Delgado regista um recrudescimento de ataques de grupos rebeldes desde julho, tendo sido alvos os distritos de Chiúre, Muidumbe, Quissanga, Ancuabe, Meluco e mais recentemente Mocímboa da Praia.

Na segunda-feira, a Lusa noticiou também que pelo menos seis pessoas foram mortas e campos agrícolas saqueados durante um ataque de supostos terroristas, no distrito de Muidumbe, em 06 de setembro.

O Governo moçambicano lamentou na terça-feira os ataques terroristas registados nos últimos dias em Cabo Delgado, norte de Moçambique, referindo que é papel do Estado perseguir, retardar e travar os ataques para que a população tenha o “menos sofrimento possível”.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques, no norte de Moçambique, a maioria reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS), uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano.

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