Alijó pede mais fiscalização e sensibilização para a bactéria ‘Xylella fastidiosa’

O presidente da Câmara de Alijó, concelho onde foi estabelecida uma zona demarcada devido à deteção da bactéria ‘Xylella fastidiosa’, pediu hoje mais fiscalização, informação e ações de sensibilização, mostrando-se preocupado com o impacto nas culturas.

No distrito de Vila Real foram estabelecidas pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) zonas demarcadas para a ‘Xylella fastidiosa’ em Alijó e em Sabrosa.

“É muito preocupante e eu, como agrónomo, conheço perfeitamente esta bactéria e os efeitos que ela pode causar. Pode, de facto, causar grandes prejuízos em culturas absolutamente essenciais para o nosso território, designadamente a oliveira”, afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara de Alijó, José Paredes.

Neste concelho, a zona demarcada foi estabelecida por despacho da DGAV, a autoridade fitossanitária nacional, a 19 de dezembro depois de detetada ‘Xylella fastidiosa’ em pessegueiros, em Pegarinhos, e abrande parcialmente outras freguesias como Carlão e Amieiro, Pópulo e Ribalonga, Santa Eugénia e Vila Chã (concelho de Alijó) e Noura e Palheiros (concelho de Murça).

O autarca lamentou que a “autoridade sanitária não tenha uma ação mais incisiva nesta matéria” e pediu uma maior fiscalização da atividade no terreno, considerando ser necessária mais informação e mais sensibilização para conter o problema, caso contrário poder-se-á assistir a “uma bola de neve, com impactos económicos muito grandes”.

José Paredes apontou uma preocupação que está relacionada com o caso de viveiristas da área afetada que continuam a participar em feiras e disse que é preciso saber se o podem fazer, em que moldes e que plantas podem vender.

“Se não houver o cuidado devido, pode-se estar a espalhar este agente pelo território”, advertiu.

O presidente disse ainda que o município de Alijó está “completamente disponível” para colaborar com a autoridade sanitária em ações que visem controlar a propagação pelo território.

A zona demarcada de Sabrosa foi estabelecida a 09 de fevereiro depois de, laboratorialmente, ter sido confirmada a bactéria numa amostra de carvalhos, colhida na freguesia de Torre do Pinhão.

Neste caso, a zona demarcada abrange ainda parcialmente as freguesias de Vila Verde (Alijó), Vreia de Jales (Vila Pouca de Aguiar) e São Tomé do Castelo e Justes (Vila Real).

Contactada pela Lusa, a Câmara de Sabrosa disse ter tido conhecimento deste assunto agora, tendo estabelecido contactos com a DGAV e a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN).

A fonte da autarquia referiu que estas entidades informaram o município que, no concelho, o “problema está identificado num carvalho situado nos baldios da freguesia da Torre do Pinhão” e que a DRAPN “já está a desenvolver os esforços necessários, dentro das suas competências, para combater o problema”.

Disse ainda o município e a Junta de Freguesia de Torre do Pinhão, “irão brevemente receber um edital para publicitação sobre este assunto de forma a poder colaborar com as entidades competentes, e desenvolver, no âmbito das suas competências e do vertido na portaria 243/2020, medidas de informação e sensibilização junto dos munícipes do concelho”.

Classificada como “bactéria de quarentena” pela Organização Europeia para a Proteção das Plantas (EPPO), em Portugal, a ‘Xylella fastidiosa’ foi detetada, em janeiro de 2019, em plantas de lavanda num ‘zoo’ em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto.

A sua deteção levou à definição da primeira zona demarcada do país – a Área Metropolitana do Porto (AMP) – e, desde então, a região Norte conta já com sete zonas demarcadas: AMP, Alijó, Baião, Bougado, Mirandela e Mirandela II, e Sabrosa.

Entre as medidas de erradicação da ‘Xylella fastidiosa’, que constam do plano da DGAV, destaca-se a obrigatoriedade de abater, num raio de 50 metros, as plantas que testem positivo à bactéria e todas as da mesma espécie que, num raio de 2,5 quilómetros, tenham testado positivo.

Árvores, arbustos e plantas herbáceas – vulgares em espaços urbanos e rurais ou de “elevado valor económico” – podem ser hospedeiras desta bactéria, tais como a oliveira, videira, amendoeira, citrinos, sobreiro, acácia, nogueira, plátano, rosmaninho ou alecrim.


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