Alterações climáticas podem levar ao aumento dos preços dos alimentos

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As alterações climáticas podem afetar o preço dos produtos agrículas em Portugal. Os casos de chuvas torrenciais e períodos de calor extremo são cada vez mais frequentes e isso está a afetar a produção de agricultura em todo o mundo.

“São situações extremas que ninguém está livre de lhe acontecer”, diz à Renascença o secretário-geral da Confederação dos Agricultores em Portugal (CAP), Luís Mira.

O dirigente defende que é preciso serem “criadas condições” para evitar um aumento do número de ocorrências deste género no setor agrícola.

“Mais investimentos” em “redes de proteção” é a solução que devia ser considerada em primeiro lugar. “Não se perde só a colheita do ano, perde-se também a produção para os próximos 3, 4 ou 5 anos”, argumenta.

A agricultura, enquanto setor mais afetado por fenómenos meteorológicos adversos, “adapta-se às circunstãncias”, mas com a certeza que acaba por haver “aumento nos custos” e, mais tarde, “no produto final”.

“Quando o principal produtor tem um problema e não consegue produzir, e há um produto que não permite fazer grandes estoques, aí vê-se uma variação do preço”, explica o secretário-geral da CAP.

Mas não é só de tempestades e secas que se constroi a ameaça à produção. Estes fenómenos “trazem pragas que não existiam e trazem possibilidades de destruição de culturas completas, como já se verificou noutros países”. Dessa forma, há uma obrigação de alterar a lógica como se planeia as plantações como, por exemplo, “dos pomares ou das vinhas”.

Contudo, Luís Mira admite que há consequências que não são diretas das tempestades. Algumas acabam por ser os efeitos de capacidade produtiva das próprias terras, que levam ao incumprimento de determinadas situações necessárias para uma boa produção.

Neste quadro, a “saída” é a tecnologia que permite uma gestão “à gota”, através de “sensores” que permitem identificar as necessidades específicas da planta.

“Estão ligados a estações meteorológicas, prevêem qual é a necessidade de água da planta no dia a seguir e dão toda essa compensação de modo a existir uma gestão do que a planta precisa e não mais do que isso”, explica Luis Mira.

“Desorientação”

No campo climático, o presidente da Associação Ambiental ZERO, Francisco Ferreira, afirma que têm “vindo a alertar para a necessidade de uma adaptação climática dos diferentes setores, incluindo a agricultura”.

Um dos recursos que causa mais preocupação junto da associação é o uso da água nas produçoes agrícolas. “Temos que estar preparados para um país com menos água”, diz Francisco Ferreira.

O sistema alimentar, em “termos de produtividade”, acaba por estar em alerta porque vai refletir todas estas mudanças num futuro próximo. Uma mudança que “está a ocorrer a um ritmo sem precedentes”.

A ZERO diz ser necessário “um sistema agroalimentar que seja suficientemente resiliente”.

“Estamos a perder a noção das próprias estações do ano”, afirma Francisco Ferrreira. Do ponto de vista agrícula, esta situação gera uma “desorientação” total tanto dos produtores como dos próprios terrenos.

A associação ZERO diz ainda que a agricultura é um dos setores mais poluentes e isso está relacionado com a produção na indústria alimentar, devido à grande emissão de metano (gás poluente) para a camada de ozono e no uso de maquinaria pesada.

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