Alterações nas escolhas alimentares podem ajudar a reduzir as emissões de GEE, diz estudo

As emissões de gases com efeito de estufa (GEE) associadas às cadeias globais de abastecimento alimentar podem diminuir 17% se os consumidores alterarem as suas escolhas alimentares para dietas à base de vegetais, revelou um novo estudo da Universidade de Birmingham, no Reino Unido.

Os investigadores defendem que 56,9% da população mundial, atualmente a consumir em excesso, poderia diminuir em 32,4% as emissões de GEE simplesmente ao mudar a sua alimentação para uma dieta planetária, ou seja, alterar os seus hábitos alimentares de forma a aproximarem-se de um equilíbrio entre as necessidades nutricionais da população e a capacidade do planeta em assegurar, de forma sustentável, a produção de alimentos para todos.

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Para atingir resultados tangíveis no que diz respeitos às emissões de GEE, os investigadores avançam que as mudanças na dieta alimentar da população mundial, em conteúdo calórico, precisariam de diminuir em 81% relativamente à carne vermelha, 76% em tubérculos, 72% em açúcar e 50% em grãos e leguminosas. Em contrate, seria necessário aumentar em 438% o consumo de legumes e frutos secos e em 28% o consumo de fruta.

Os cientistas referem também que as maiores emissões de GEE relativamente à cadeia alimentar são provenientes de países mais desenvolvidos, uma vez que a população consome mais carne, especialmente vermelha, e laticínios. Já os países menos desenvolvidos tendem a ter uma dieta mais baixa no que diz respeito a emissões de GEE.

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“Em comparação com os alimentos à base de plantas, os produtos de origem animal são os que mostram um maior potencial no que toca a contribuírem para a diminuição de emissões de gases com efeito de estufa”, referiu Yuli Shan, autor principal do estudo e professor da Universidade de Birmingham.

E continua: “devemos sensibilizar os consumidores para reduzir o consumo excessivo de produtos que provoquem elevadas emissões de GEE, nomeadamente os consumidores dos países mais desenvolvidos, por exemplo, a carne bovina proveniente da Austrália ou dos Estados Unidos da América. Isto já ajudara a alcançar benefícios significativos para o clima e para o ambiente a nível mundial”.


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Os investigadores sugerem a introdução de incentivos para combater esta problemática, nomeadamente através da tarifação das emissões de carbono, da rotulagem ecológica nos produtos e do aumento da disponibilidade de produtos que sejam baixos em emissões de GEE, como alimentos à base de plantas, de forma a encorajar os consumidores a fazer mudanças na sua alimentação.

“Os países menos desenvolvidos e mais empobrecidos são os que vão enfrentar maiores dificuldades para alcançar dietas mais saudáveis, uma vez que não tem condições financeiras para suportar o custo de uma dieta planetária. Isto significa que os esforços políticos devem concentrar-se também em tornar estes alimentos mais acessíveis, especialmente para populações mais vulneráveis”, explica o autor do estudo.

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O estudo analisou a distribuição desigual do planeta das emissões de GEE no que toca às dietas alimentares, tendo em consideração 140 produtos alimentares em 139 países ou áreas territoriais, abrangendo 95% da população mundial.

O artigo foi publicado originalmente em Vida Rural.


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