Alto Douro Vinhateiro Património Mundial – João Dinis

A 14 de Dezembro fez dez anos que a UNESCO consagrou o Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial.

O Alto Douro Vinhateiro deve continuar a ser Património Mundial mas em primeiro lugar também deve ser património dos Durienses e de Portugal.

Assim, os principais construtores do Alto Douro Vinhateiro – os pequenos e médios Vitivinicultores Durienses (e os assalariados agrícolas) – também devem obter benefícios concretos com a classificação da UNESCO.

Porém, só nos últimos 10 anos – afinal tantos anos quantos tem o Património Mundial – acontece que os rendimentos dos Vitivinicultores Durienses baixaram muito, muito mesmo, e baixando os rendimentos dos Vitivinicultores é toda a Região Demarcada do Douro que perde e que baixa de nível de vida.

Ora, é esta tendência que é urgente inverter.

Para isso, é necessário que aumentem os preços à Produção dos Vinhos do Douro e do Generoso/Porto. É necessário que os pequenos e médios Vitivinicultores tenham mais “Benefício” – quantidade de Mosto de Uvas do Douro que cada Lavrador ou empresa pode anualmente transformar em Vinho Fino ou Generoso/Porto. E, entre mais coisas, é também necessário que a Casa do Douro – a histórica instituição da Lavoura Duriense – seja respeitada e apoiada pelos Órgãos de Soberania, e não continue a ser vítima de destruição oficial e oficializada, o que só tem contribuído para abandonar e sujeitar a Produção à “ditadura” de interesses das grandes casas exportadoras do Vinho do Porto.

Ora, há organizações representativas como a AVIDOURO, Associação dos Vitivinicultores Independentes do Douro, e a CNA que têm reclamado isso mesmo e que continuam a reclamar ao Governo um Plano de Emergência para acudir à Região Demarcada do Douro e à Vitivinicultura em especial.

Outras organizações há que falam sobre o Douro mas, aí, uma vez de dez em dez anos; que como pouco ou nada percebem sobre o Douro em resumo dizem aquilo que outros interesses ( os das empresas exportadoras) lhes sugerem que digam. Aliás como infelizmente têm feito os principais governantes de há já alguns anos para cá…e como tendem para fazer os actuais governantes.

Quanto ao programa já divulgado para se assinalar institucionalmente os 10 anos do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial, apontamos duas grandes contradições:

– A primeira é que vão participar algumas entidades e alguns intervenientes, tais como antigos e actuais governantes, que têm pesadas responsabilidades pela situação de grave crise em que se encontra mergulhada a Região Demarcada do Douro.

– A segunda é que os Vitivinicultores e suas organizações mais activas estão a ser excluídos desse programa.

Ora, isso é muito mau sinal. É sinal de que, assim, não se defende ou promove nem o Alto Douro Vinhateiro nem toda a Região Demarcada do Douro. E que, tal como está concebido, o programa das “comemorações” dos 10 anos do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial, pode vir a ser um desfile de conversas floreadas mas, as mais das vezes, em torno do “sexo dos anjos” …

BARRAGEM DO FOZ TUA

Compete ao Estado e ao Governo tudo fazerem para salvaguardar os vários interesses em presença:- o ambiente, a paisagem, a produção de energia e de regadios, o património mundial, a linha de caminho de ferro do Tua e a Vitivinicultura da região. E isso é possível caso o Governo não ceda aos interesses económicos da grande indústria hidro-eléctrica.

Afinal como é, Senhora Ministra da Agricultura ? – João Dinis


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