Quando o Governo em Adis Abeba mandou construir a maior barragem de África no rio Nilo não estaria à espera de uma negociação fácil com os dois países a jusante (Sudão e Egipto), cujas populações dependem das águas do mais longo rio africano (desde o lago Vitória até à foz, no Mediterrâneo, são 6650 quilómetros). Ao dar-lhe um nome tão tonitruante como Barragem do Renascimento da Grande Etiópia (GERD, na sigla em inglês), o segundo país mais populoso de África, berço da humanidade, país imperial que se defendeu de invasões (Egipto e Itália) mantendo a sua soberania intacta ao longo dos tempos (o único em África), introduziu mais uma dificuldade numa já difícil negociação: tanto o Egipto como o Sudão consideram o acesso à água do Nilo como questão de segurança nacional e não estão dispostos a ceder facilmente.