Angola vai contar nos próximos três anos com um projeto de 550 mil dólares (505 mil euros) financiado pela NASA, agência espacial norte-americana, para apoiar políticas de combate à seca no sul do país.
O projeto denominado “Sistema de Apoio às Políticas de Combate à Seca no Sul de Angola”, hoje lançado em Luanda, visa a recolha, organização e partilha de informação sistematizada e permanente para a mitigação dos efeitos da seca, que se vem verificando há vários anos na zona sul do país.
O secretário de Estado para as Telecomunicações e Tecnologias de Informação, Pascoal Fernandes disse que o projeto é de iniciativa do setor das tecnologias de informação, com o objetivo de contribuir significativamente para outros projetos e programas que o executivo angolano tem levado a cabo, no sentido de mitigar e reduzir significativamente o impacto sobre as populações resultantes de situações de seca.
O governante realçou que o sul de Angola vive períodos cíclicos de secas há várias décadas, sendo que, em 2019, registou-se a pior seca dos últimos 40 anos, com o índice pluviométrico 65% abaixo do normal.
“Em consequência, mais de um milhão e 300 mil indivíduos, nas províncias do Cunene, Huíla e Namibe, foram afetados pela seca, com perdas financeiras, mas não só, para os agricultores e criadores de gado, bem como o agravamento dos problemas sociais para a população em geral”, frisou.
Segundo Fernandes, o projeto terá como principais benefícios informação sobre o estado dos recursos hídricos, a localização dos assentamentos populacionais mais vulneráveis aos efeitos da seca no sul do país e a identificação dos locais ideais de implementação dos projetos estruturantes.
Em 2019, o Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e o Massachuttes Institute of Tecnlogy lançaram o projeto-piloto de quantificação da problemática da seca no sul de Angola.
Em declarações à imprensa, a investigadora do projeto pelos Estados Unidos da América, Danielle Wood afirmou que o projeto será implementado em cooperação com equipas locais, nomeadamente o Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN) e especialistas americanos.
“Vamos partilhar as metodologias, as ferramentas, com instituições governamentais”, salientou Danielle Wood, acrescentando que o trabalho será efetuado de forma virtual, como aconteceu na época da pandemia de covid-19.
De acordo com Danielle Wood, o projeto vai criar um ‘site’ para mapear os dados sobre a seca e o seu impacto nas populações no sul de Angola.
A investigadora referiu que este projeto não conta com o suporte do satélite angolano Angosat-2, o que poderá vir a acontecer com o Angosat-3, um satélite de observação, para a colheita de dados.
Wood destacou outros trabalhos similares já realizados em Angola, no período da covid-19, no sentido de melhorar a gestão da pandemia, com análises e mapas, nomeadamente sobre os efeitos na mobilidade angolana com o distanciamento social.
“Fizemos uma observação de Luanda durante a pandemia, a partir de março de 2021, mapeamos os navios na baía de Luanda, também fizemos medições da qualidade do ar durante o distanciamento social e comparamos também o número de incêndios em Angola antes e durante a covid-19, os anos 2018, 2019 e 2020”, revelou.