Maria, Odete e Djenabu são três das beneficiárias de um projeto para apoiar mulheres rurais guineenses, da organização não-governamental Tiniguena, e garantem que a sua vida melhorou desde que começaram a receber ajuda para potenciar a produção agrícola.
O projeto “Mulheres Rurais, Garantes da Produção, Segura nos Direitos e Consolidação da Paz”, é financiado pelo Programa Alimentar Mundial (PAM) e Fundo da Consolidação da Paz e executado pela Tiniguena, e já abrange cerca de sete mil mulheres na Guiné-Bissau.
“No dia em que comecei a trabalhar com eles ficou tudo bem”, disse à Lusa Maria Djasse, de 29 anos e com três filhos, numa pausa em mais um período de formação, em Buba, no sul da Guiné-Bissau, uma das melhores zonas agrícolas do país.
Maria Djasse é perentória: “Agora sei gerir o dinheiro e organizar-me”.
O projeto é transversal e se, por um lado, apoia as mulheres a aumentarem a sua produção agrícola, que depois é comprada pelo programa das cantinas escolares do PAM, por outro, aumenta os seus rendimentos, o que lhes permite ter maior segurança alimentar, manter os filhos na escola e dar melhores condições de vida a toda a família.
“Os filhos e as filhas têm de todos ir à escola. Na nossa tabanca os meninos falam português”, explicou Djenabu Cassamá, 28 anos e também com três filhos, que se expressa em crioulo.
Djenabu Cassamá, que também participou na formação em Buba, disse que agora é mais ouvida dentro da sua comunidade.
Odete Nancoma, que sabe que nasceu em 29 de março de 1982, ao meio-dia, mas não consegue dizer a idade (39 anos), tem quatro filhos e defendeu à Lusa a continuidade do projeto.
“Quero a continuidade do projeto para pagar a escola dos meus filhos, assim os filhos aprendem a ser melhor nos negócios”, disse, desabafando o seu “cansaço” e “sacrifício”.
Odete Nancoma vai mais longe e aproveita para mandar um recado às autoridades de Bissau: É que a tabanca onde vive, em São Francisco da Floresta, fica a 17 quilómetros do hospital mais próximo.
“Se os meninos estiverem doentes e não tiveres carro ou mota vais a pé para o hospital”, lamentou.
Para Sábado Vaz, assistente para reforço da organização das mulheres, o projeto está a fazer diferença na formação e reforço de capacidades das mulheres rurais.
“Neste momento, as mulheres estão mais capacitadas e a defender os seus direitos, porque não é só cumprir as obrigações”, afirmou à Lusa, salientando que as mulheres estão “mais abertas” e a “jogar um papel muito importante nas suas comunidades”.
Segundo dados das organizações internacionais, a pobreza afeta mais as mulheres dos que homens no país, mais de 55% da produção agrícola do é feita por mulheres, e 45% das mulheres da Guiné-Bissau são analfabetas e casadas com homens pelo menos 10 anos mais velhos.