APROLEP levou ao Ministério da Agricultura propostas para vencer a crise do leite em Portugal

A Direção da APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal, foi hoje recebida em audiência pelo Secretário de Estado da Agricultura e Alimentação, Luís Vieira, em substituição do Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que se encontra em convalescença da intervenção cirúrgica a que foi submetido.

A APROLEP solicitou esta audiência em Março de 2019, após o anúncio da descida de mais um cêntimo por litro de leite pelas principais cooperativas e outros compradores.  Esta descida ocorreu apesar de vários alertas lançados no início do ano pela APROLEP sobre a necessidade de aumentar o preço do leite ao produtor.

Os produtores de leite portugueses terminaram 2018 com um preço médio de 31,8 cêntimos por kg de leite, cerca de 4 cêntimos abaixo da média comunitária. A APROLEP estima que o custo médio da produção de leite se situe acima de 37 cêntimos por kg. As ajudas que os agricultores recebem da PAC não compensam essa diferença, tem vindo a ser reduzidas e as perspetivas após 2020 são negativas.

Nos últimos 10 anos, o preço médio do leite em Portugal esteve quase sempre abaixo da média comunitária, o que significou para os produtores portugueses um prejuízo de 421 milhões de euros face ao valor que teriam recebido se Portugal acompanhasse essa média, segundo as primeiras conclusões divulgadas ontem pelo grupo de trabalho para o setor leiteiro da Assembleia da República, de que aguardamos o documento final.

A evolução do preço do leite é muito preocupante porque ocorre apesar dos sinais positivos do mercado lácteo europeu, do fim dos stocks de leite em pó armazenado e depois da implementação da rotulagem da origem do leite em 2018 e da redução da recolha de leite imposta também em 2018 pela principal indústria, a Lactogal, em cerca de 60 milhões de litros aos seus produtores.

Preocupam-nos as promoções que desvalorizam o leite e seus derivados de uma forma permanente, tanto com o leite dos Açores como de Portugal continental, que devia ser alvo de maior valorização e transformação para substituir as importações de produtos lácteos como queijos e iogurtes. Preocupam-nos especialmente a importação de queijo servido fatiado na hotelaria e restauração sem qualquer perceção da origem por parte dos consumidores.

Sobretudo preocupa-nos a ausência de dinâmica e estratégia que nos permita ter esperança no futuro do setor. Vemos por parte da distribuição e da indústria uma atitude de navegação à vista e resolução dos próprios problemas, sem qualquer preocupação com os produtores. Vemos o número de produtores a cair vertiginosamente ano após ano, sobretudo no continente. Em 2004 existiam 12.000 produtores no continente e 4.000 nos Açores. Em fevereiro de 2019 restavam 2.063 no continente, 2.364 nos Açores e 22 na Madeira, para um total de 4.449.
Preocupa-nos ainda a persistência dos ataques ao leite enquanto alimento, sem base científica mas com um ativismo permanente na comunicação social e redes sociais que influenciam os cidadãos menos informados.

A APROLEP considera que esta crise profunda e persistente só poderá ser ultrapassada se todo o setor leiteiro, produção indústria e distribuição, for capaz de se unir para definir uma estratégia conjunta para o futuro sustentável da produção de leite em Portugal, que passe pela transformação, valorização do leite, aproveitamento das oportunidades de exportação e partilha do valor com o produtor, através de um preço justo e conta com o empenho do Governo e de todas as forças políticas para atingir estes objetivos.

A DIREÇÃO DA APROLEP

Os produtores

11 de Abril de 2019

A Direção da APROLEP


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