paulownia

Árvores da espécie “Paulownia” têm “madeira de alta qualidade” e são mais resistentes a incêndios?

O QUE ESTÁ EM CAUSA?
De acordo com uma publicação no Facebook, as árvores da espécie “Paulownia” geram “madeira de alta qualidade e zero fogos”. Confirma-se?


Paulownia, mais oxigénio, menos CO2 [dióxido de carbono], madeira de alta qualidade e zero fogos. Acorda Governo português”, alega-se na mensagem da publicação, mostrando várias fotografias dessa espécie de árvore que é originária da Ásia Oriental e não está incluída na lista de espécies arbóreas indígenas em Portugal.

Confirma-se que as árvores da espécie Paulownia têm “madeira de alta qualidade” e são mais resistentes a incêndios?

De acordo com o Decreto-Lei nº92/2019, que estabelece “o regime jurídico aplicável ao controlo, à detenção, à introdução na natureza e ao repovoamento de espécies exóticas da flora e da fauna”, a espécie Paulownia tomentosa está na Lista Nacional de Espécies Invasoras (LNEI), pelo que a sua plantação em Portugal está interdita. Todas as outras espécies da mesma família, como por exemplo a Paulownia elongata, estão sujeitas a autorização do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

Quanto à alegada resistência aos incêndios, questionado pelo Polígrafo, o ICNF explica que “a cultura da paulónia exige sempre solos férteis, fundos e frescos, nos quais as espécies florestais normalmente aí utilizadas [sobretudo folhosas de folha caduca] apresentam maior resistência à passagem do fogo, por conterem nos seus tecidos maior teor em água nos dias críticos de incêndio”. Ou seja, em condições de humidade ideais, pode dizer-se que as paulónias são mais resistentes ao fogo.

No entanto, o ICNF ressalva que quando é cultivada em solos de sequeiro (que correspondem a mais de 95% dos solos florestais em Portugal), a planta “tende a apresentar a mesma ou até maior susceptibilidade aos incêndios do que as espécies arbóreas” mais comuns em Portugal.

De resto, os povoamentos florestais com espécies do género Paulownia têm uma distribuição “absolutamente residual“, pelo que “não existem dados que confirmem a sua suposta resistência aos incêndios no nosso país”.

O número reduzido de povoamentos florestais destas árvores impossibilita também uma conclusão segura relativamente à suposta “madeira de alta qualidade”. Sendo a distribuição geográfica das paulónias tão residual em Portugal, como indica o ICNF, “não é possível a obtenção de dados e evidências” que permitam aferir “sobre a sua eventual boa qualidade”.

Parcialmente falso: as alegações dos conteúdos são uma mistura de factos precisos e imprecisos ou a principal alegação é enganadora ou está incompleta.

O artigo foi publicado originalmente em Polígrafo.


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