As consequências nefastas (e escondidas) do desperdício alimentar

Todos os anos, o ser humano desperdiça 2,5 mil milhões de toneladas de comida. Comida que não é aproveitada – quando uma em cada nove pessoas no mundo está subnutrida – e que provoca um volume absurdo de emissões de gases com efeito de estufa. Reduzir este valor significaria um planeta mais saudável e mais comida a ser distribuída pela população.

Se o desperdício alimentar mundial fosse um país, seria o terceiro maior emissor de gases com efeito de estufa, logo a seguir à China e aos Estados Unidos. Os dados são da Food and Agriculture Organization for the United Nations (FAO) e consideram que a sua dimensão é equivalente aos produzidos pela rede global de transportes terrestres.

Porque o desperdício alimentar não significa apenas comida que vai para o lixo e não é consumida (isto quando se sabe que há milhões de pessoas que passam fome). Há também que contar com toda a energia que foi necessária à sua criação, a todo o processo da cadeia de valor – que inclui, por exemplo, o transporte dos bens alimentares – e, inclusive, depois, o seu aterro. É por isso que, na opinião de Carina Costa Dias, responsável de comunicação da Too Good To Go, e de acordo com especialistas do Project Drawdown, reduzir o desperdício de alimentos é a solução mais simples e impactante que podemos pôr em prática para combater as alterações climáticas.

Mas, afinal, que valor está em causa? Quanta comida é desperdiçada por ano? Segundo o último estudo da WWF & Tesco de 2021 a quantia atinge os 2,5 mil milhões de toneladas de comida por ano. O que, constata Carina Costa Dias, representa mais de um terço da comida mundial. E que representa “um claro aumento face aos últimos dados”.

Tiago Luís, especialista em Alimentação da ANPlWWF, refere que comparando com os volumes de produção alimentar à data, isto equivale a 1,3 mil milhões de toneladas de alimentos desperdiçados por ano. E este é um número que peca por defeito, dado que as “estimativas apenas contabilizaram o desperdício a partir da fase de colheita ou abate, o que pode significar que se tenha subestimado a magnitude do problema, por não contabilizaram a produção vegetal que é deixada na exploração ou a produção animal que não chega a ir para o matadouro”.

Combinando os vários estudos e as várias fases do processo, a estimativa é de que o desperdício global, ao longo de toda a cadeia, seja “de 40%, o que está bem acima das estimativas de 2011 de um terço dos alimentos produzidos”, constata Tiago Luís.

Em Portugal, o projeto PERDA (Projeto de Estudo e Reflexão sobre o Desperdício Alimentar), usando a mesma metodologia do estudo […]

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