As novas técnicas genómicas precisam de um enquadramento legislativo – Jorge Canhoto

A necessidade de alterar as plantas não é um capricho dos humanos, antes resulta de uma necessidade de alimentar uma população em constante crescimento.

A domesticação de plantas iniciou-se há cerca de 10000 anos, no Próximo Oriente. Até ao século XX foi realizada essencialmente por cruzamentos e seleção, causando não apenas alterações profundas, que aumentaram a produtividade, mas que também permitiram a criação de novas espécies, como o triticale.

Um exemplo trivial de melhoramento são as bananas, frutos sem sementes, de consumo fácil e apelativo. As modificações foram particularmente notórias nos cereais, aumentando o número e tamanho dos grãos e reduzindo a capacidade de libertarem os frutos, o que facilita a colheita. A necessidade de alterar as plantas não é um capricho dos humanos, antes resulta de uma necessidade de alimentar uma população em constante crescimento, que atingiu recentemente os 8000000000.

Embora o melhoramento convencional ainda hoje seja muito usado, os avanços da genética e da biotecnologia agrícola colocaram nas mãos dos cientistas outras ferramentas que permitem modificar geneticamente as plantas de uma maneira mais precisa e eficaz. Assim, milhares de variedades das espécies mais cultivadas (arroz, milho e trigo) foram obtidas por mutagénese induzida, uma técnica que permite acelerar as mutações que ocorrem naturalmente e que são responsáveis pelo aumento da variabilidade genética.

Abdicar destas modernas técnicas de melhoramento é desistir da nossa segurança alimentar bastante comprometida pela covid-19, pela guerra na Ucrânia e pelas alterações climáticas.

Em meados dos anos 80 do século passado, […]

Continue a ler este artigo em Público.


Publicado

em

, ,

por

Etiquetas: