A bananeira é uma planta originária do sudeste asiático, apresentando melhor desenvolvimento vegetativo em locais com humidade relativa superior a 80% e com temperaturas médias mensais entre os 24 e os 29ºC.
Na RAM, encontramos as condições climáticas mais adequadas ao cultivo da bananeira na zona Sul da ilha, até à cota dos duzentos metros de altitude, onde a cultura encontra as melhores condições para o seu desenvolvimento.
As temperaturas amenas, a boa exposição solar das encostas, a água em abundância, a proximidade do mar e a fertilidade dos solos permitem produzir um fruto com características muito próprias.
Esta qualidade diferenciadora deve-se não só aos fatores naturais, como também ao saber dos agricultores, mais especificamente das operações culturais recomendadas para o bom desenvolvimento vegetativo das bananeiras, realizadas com respeito às especificidades da nossa agricultura:
Monda – controlar as infestantes com máquinas ou ferramentas, com aplicação de herbicidas ou recorrendo ao “mulching”, em que a cobertura do solo com material vegetal, para além de reduzir o crescimento das infestantes, também permite conservar a humidade do solo, melhorar a sua fertilidade e aumentar os teores de matéria orgânica;
Desfilhamento – selecionar só uma filha ou canhota para manter a densidade de plantação recomendada e para impedir a competição entre as plantas;
Limpeza das folhas – eliminar as folhas velhas que já não têm atividade fotossintética ou que podem danificar o fruto. Esta operação favorece o arejamento e a entrada de luz na plantação;
Limpeza das flores – realizar esta operação no momento certo, quando se forma um círculo negro na zona apical do fruto, onde se insere a flor, para evitar o aparecimento da ponta de charuto, doença que se manifesta pela instalação do fungo Verticillium theobromae, ou impedir o alojamento da traça do cacho, Opogona sacchari, que desvalorizam a qualidade comercial da fruta.
Tutoramento – colocar as estacas nas bananeiras para que as plantas não caíam com o peso do cacho ou pela ação do vento. Também pode ser utilizado a amarração aérea;
Corte do pseudocaule – manter o pseudocaule da planta após a colheita do cacho, pois ocorrem translocações da seiva da “mãe” para a “filha”. Quando a “filha” está desenvolvida, recomenda-se abrir em duas partes o pseudocaule da bananeira cortada, que devem ficar com o interior voltado para cima, para acelerar a sua decomposição e evitar que o gorgulho da bananeira se instale;
Eliminação do “pinguelo” – para acelerar o crescimento ou “enchimento” dos frutos. Esta operação também é importante para a diminuição das populações de tripes que encontram abrigo nas flores;
Colocação da manga plástica nos cachos – para proteger os frutos dos insetos, caracóis, pássaros e dos atritos mecânicos, como do granizo ou do roçar das folhas. A manga plástica mantém o cacho com melhor equilíbrio térmico, o que proporciona um enchimento mais rápido e uniforme. Como aumenta a humidade no seu interior, é importante manter o arejamento, para evitar o desenvolvimento de fungos;
Fertilização – aplicar os fertilizantes de forma fracionada ao longo do ano considerando a aplicação de fertilizantes com micronutrientes como zinco, cobre, boro e ferro. Para uma fertilização mais equilibrada, devem ser realizadas análise do solo pelo menos de 4 em 4 anos, permitindo efetuar as correções necessárias;
Calagem – aplicar calcário dando prioridade aos corretivos dolomíticos, ricos em magnésio;
Rega – realizar esta operação de forma regular para um bom desenvolvimento vegetativo das plantas, evitando situações de stress hídrico, com períodos de encharcamento seguidos de seca prolongada;
Tratamentos fitossanitários – aplicar produtos fitofarmacêuticos autorizados/homologados para a cultura da bananeira, respeitando as concentrações recomendadas e os intervalos de segurança.
Alexandra Azevedo
Direção Regional de Agricultura e Desenvolvimento Rural
O artigo foi publicado em DICAs.