As Tecnologias da Informação na Empresa Agrícola – António Pinto de Albuquerque

Segundo a classificação tradicionalmente adoptada, os factores primários de produção agrícola dividem-se em trabalho, capital e empresário.

Este último factor é decisivo para a rentabilidade da empresa. De facto, são conhecidas situações em que empresas com recursos semelhantes de trabalho e capital, com a mesma orientação produtiva e com condições de clima e solo similares, apresentam resultados económicos muito diferentes ao longo dos anos. A formação do empresário, a sua capacidade para assumir riscos e de tomar decisões correctas em termos da gestão técnica e económica da sua empresa, são variáveis decisivas no sucesso.

Actualmente é referido um novo factor: a informação. Assim, e desenvolvendo o raciocínio anterior, parece claro que empresas com os mesmos recursos de trabalho e capital e com empresários com capacidade de gestão semelhante, vão ser diferenciadas, em termos de rentabilidade, pelo nível e qualidade da informação que possuírem. As tecnologias da informação, com destaque para a informática, são os instrumentos que permitem ao empresário o acesso a informação de qualidade, influenciando a gestão agrícola em diferentes aspectos:

  • optimização do tempo dedicado pelo empresário à gestão;
  • aumento do nível de informação da empresa, o que vai contribuir para uma gestão mais aperfeiçoada;
  • tratamento automático da informação disponível, permitindo que a tomada de decisões seja feita com melhores fundamentos e de forma mais atempada;
  • avaliação em bases mais correctas da rentabilidade relativa das actividades produtivas da empresa, o que conduz ao seu reordenamento com o consequente aumento na rentabilidade global;
  • melhoria da gestão técnica da empresa, com uma utilização optimizada de factores produtivos, através de cálculos técnicos com optimização económica.

A influência das tecnologias da informação no desenvolvimento económico é hoje uma realidade inegável. No passado, o elevado investimento necessário para a implementação de sistemas informáticos, bem como os custos de operação e manutenção associados, levaram a criar um certo elitismo no sector informático. A enorme expansão actual da utilização de computadores pessoais conduziu a uma verdadeira democratização no acesso a estas tecnologias.

Contudo, este processo ainda só timidamente chegou ao sector agrícola. De facto, estima-se que apenas uma parte reduzida das empresas agrícolas portuguesas utilizam meios informáticos em termos profissionais. Embora não existam estatísticas disponíveis sobre informatização na agricultura, aquelas não deverão exceder poucos milhares.

Serão as explorações agrícolas de maior dimensão económica que terão melhores condições para absorver directamente as tecnologias da informação. Considerando o processo de concentração em curso, que irá gerar ao longo do tempo mais empresas informatizáveis, à custa do desaparecimento das de dimensão menor, é previsível uma tendência para o seu aumento. No contexto da crescente integração no mercado global das empresas agrícolas nacionais, pelo menos das melhores dimensionadas para enfrentar a concorrência, as tecnologias da informação têm um papel fulcral na melhoria da sua gestão Serão não só um factor de inovação, mas talvez também, no curto e médio prazo, de competitividade mínima das empresas agrícolas com forte integração no mercado, quer sejam de tipo familiar ou patronal.

No entanto, também as explorações agrícolas de menor dimensão poderão ter acesso aos benefícios das tecnologias da informação, através das suas organizações colectivas (cooperativas, associações de agricultores, centros de gestão da empresa agrícola, etc.).

António Pinto de Albuquerque

Eng.º Agrónomo
Sócio-gerente de Softimbra – Agroinformática


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