Em entrevista ao Expresso, Pedro Portugal Gaspar divulga as primeiras conclusões da análise feita pela ASAE à subida do preço dos bens alimentares. Nas três maiores cadeias de supermercados em Portugal, foram detetadas margens de lucro brutas de 52% na cebola, 48% na laranja, 45% na cenoura e nas febras de porco ou 43% nos ovos, por exemplo, que a Autoridade está agora a investigar, produto a produto. No total, foram instaurados 51 processos crime por especulação. Inspetores encontraram casos em que estavam a ser cobrados em caixa preços 70% superiores aos que estavam marcados nas prateleiras
Em dezembro, o primeiro-ministro pediu à ASAE para investigar o aumento do preço dos bens alimentares por considerar que vários produtos estavam a ter subidas excessivas e sem explicação aparente. Em que ponto está essa investigação e o que foi possível apurar até agora?
É preciso recuar um bocadinho. Em janeiro de 2022 construímos o nosso cabaz de bens alimentares, fomos vendo a evolução do preço de venda ao público [PVP] e verificámos um aumento de cerca de 25%, em média. Fizemos um segundo bloco de relatórios sobre e estrutura do preço, não só o preço de venda final como as margens de lucro. Começámos pelo fim, isto é pelo PVP, e estamos a recuar na cadeia. Encontrámos sete ou oito produtos em que há margens [de lucro] brutas na casa dos 45%, 50% entre o valor de aquisição e o valor da venda ao público. Claro que para a margem líquida entram outros fatores como os custos dos distribuidores. […]