Presidente Tinubu tem de cumprir as promessas que fez aos nigerianos e resolver urgentemente o ressurgimento da crise de segurança endémica do país”, afirmou o diretor da Amnistia Internacional na Nigéria.
“A recente escalada de ataques do Boko Haram e de outros grupos armados mostra que as medidas de segurança postas em prática pelo seu Governo não estão a funcionar”, acrescentou Isa Sanusi.
Desde que o Presidente, Bola Tinubu, chegou ao poder em maio de 2023, pelo menos 10.200 pessoas foram mortas nos Estados de Benue, Edo, Katsina, Kebbi, Plateau, Sokoto e Zamfara, de acordo com a Organização Não-Governamental (ONG).
Num discurso que assinalou os dois anos no poder, o Presidente defendeu o seu desempenho no que diz respeito à segurança, afirmando que as tropas nigerianas “restauraram a ordem, reduzindo e eliminando ameaças a vidas e meios de subsistência” em áreas afetadas pela violência.
“Com os sucessos alcançados, os agricultores voltaram a cultivar a terra para nos alimentar. As principais estradas, que anteriormente eram perigosas para os viajantes, tornaram-se mais seguras”, afirmou.
Os estados de Benue e Plateau registaram o maior número de vítimas, com cerca de 6.900 e 2.600 pessoas, respetivamente, mortas em ataques.
Embora os estados do Norte tenham sido afetados pela violência dos extremistas e de outros grupos criminosos durante vários anos, a ONG destacou um aumento dos ataques nos últimos meses nesta região, bem como no centro do país.
A violência no centro da Nigéria tem origem em conflitos sobre a distribuição de terras entre comunidades agrícolas sedentárias e pastores nómadas, num contexto de tensões étnicas e de acesso aos recursos naturais.
Uma série de massacres não resolvidos causou a morte de mais de 150 pessoas em abril nos estados de Plateau e Benue.
Segundo a Amnistia Internacional, centenas de aldeias foram atacadas, incendiadas e abandonadas pelos habitantes.
Os testemunhos recolhidos pela ONG apontam para execuções sumárias, raptos em massa, muitas vezes de mulheres e crianças, e a destruição sistemática de infraestruturas básicas como escolas, poços e centros de saúde.
Em algumas regiões, nomeadamente no estado de Zamfara, onde mais de 630 aldeias foram saqueadas em dois anos, bandos armados estão também a impor impostos aos habitantes.
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