Vidro, gasóleo, electricidade, papel e fitofármacos. Tudo aumentou, e de forma exponencial, nos últimos meses, deixando várias empresas do sector dos vinhos em dificuldades.
“A situação actual é dramática”, alerta Paulo Amorim, presidente da ANCEVE (Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas), fazendo eco daquilo que tem ouvido junto dos seus associados a propósito do aumento continuado dos preços das matérias-primas, dos materiais de engarrafamento, dos transportes e dos custos em geral. Uma situação que está a colocar “inúmeros pequenos e médios produtores de vinho à beira da falência”, adverte aquela associação. Desde há alguns meses, as facturas das garrafas de vidro, gasóleo, electricidade, papel e fitofármacos, não têm parado de aumentar.
As contas ainda não estão completamente fechadas, mas há já quem assegure que este vai ser um “ano difícil”, com “muito dinheiro a sair e pouco a entrar”. As palavras são de João Barbosa, da Sociedade Agrícola João Teodósio Matos Barbosa & Filhos, que não se conforma com o facto de o gasóleo agrícola estar “apenas a 7 ou 8 cêntimos abaixo do gasóleo rodoviário”. “No ano passado, comprei o gasóleo agrícola a 0,86 euros o litro. Este ano, já o paguei a 1,63 euros”, exemplifica, dando ainda o exemplo do enxofre e do cobre. “O enxofre subiu quase para o triplo e o cobre mais do dobro”, aponta, acrescentando a estas contas o aumento do preço da electricidade.
Para João Barbosa o cenário é ainda mais grave por conta dos impactos que a conjuntura actual está a causar também junto do consumidor final. “As pessoas vão começar a fazer contas e a consumir menos vinho”, vaticina, partindo de dados concretos. “Temos cinco clientes na Alemanha e, no ano passado, cada um deles comprou três vezes no ano. Este ano, só quatro é que compraram e só uma vez”, afiança.
Um sector estrangulado
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