A gestão de recursos hídricos juntou o Conselho Nacional da Água que já não reunia há três anos. Porém, o encontro não terá conseguido alcançar o consenso que se esperava nesta altura crítica.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defende a construção de novas auto-estradas da água de norte para sul e a Federação Nacional de Rega (Fenareg) propõe a construção de mais barragens e o alteamento de outras. Outros conselheiros estão preocupados com o sector “produtivista” e as opções do Governo na procura de mais água.
Três anos depois, o Conselho Nacional da Água (CNA) voltou a reunir esta segunda-feira para debater a seca e os Planos de Gestão de Região Hidrográfica. No entanto outros temas estiveram em discussão comprovando “posições antagónicas” entre conselheiros com assento no CNA, referiu ao PÚBLICO, Rui Cortes, investigador na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e que faz parte daquele órgão.
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Outra das propostas apresentadas pela CAP defende a construção de novas “auto-estradas da água com o transvase de afluências de norte para sul do país” e a Federação Nacional de Rega propôs a instalação de mais barragens e o alteamento de outras.
“Uma enormidade” contesta Rui Cortes, apontando para a redução da precipitação atmosférica e os sucessivos ciclos de seca que têm deixado os volumes de armazenamento na maioria das barragens, já instaladas. “abaixo dos 40%”. Mas apesar deste facto, o discurso do sector “produtivista” e governamental insiste em manter os contornos de um tipo de política que aposta na obtenção de mais água a curto prazo para a aplicar, na sua grande maioria, em culturas regadas.
Mil milhões para sete barragens no Tejo, o “pequeno Alqueva”
Está em marcha um projecto que prevê a construção de mais sete barragens ou diques no Tejo, prevendo-se um investimento mil milhões de euros, mas que pode chegar aos cinco mil milhões. É um empreendimento agrícola já denominado “pequeno Alqueva” que “vai abarcar vários afluentes do rio” explicou Rui Cortes, destacando os cerca de meio milhão de euros que o Governo já disponibilizou para a elaboração de estudos.
Significa, acrescenta o investigador da UTAD que “vamos ter barragens a jusante de outras barragens”, chamando a atenção para a necessidade urgente de reduzir as perdas de água no sector agrícola. Cortes refere que, “mesmo sem monitorização, as perdas de água oscilam entre os 35 e […]