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Autoridades da Guiné-Conacri autorizam corte de madeira proibido há um ano

As autoridades da Guiné-Conacri autorizaram o recomeço do corte de madeira após mais de um ano de proibição, motivado pelo abate incontrolado num país cuja rica biodiversidade está a ser atacada pela desflorestação maciça.

A colheita de madeira será restrita ao uso local e a exportação é proibida, decidiu o Conselho de Ministros, segundo uma declaração emitida na noite de quinta-feira e divulgada hoje pela agência France-Presse.

O Ministério do Ambiente tinha proibido o corte e transporte de madeira em todo o país desde 14 de junho de 2021 até nova ordem. A decisão, tomada na altura pelo governo civil derrubado pelos militares em setembro, seguiu-se a operações de abate clandestino de árvores que causaram agitação nas regiões de Mamou e Faranah (centro).

A Guiné “é um dos países com as taxas de desflorestação mais rápidas do mundo”, indicou o ministério, num artigo publicado em 2019 na sua página oficial, intitulado “desflorestação desenfreada”.

De 14 milhões de hectares nos anos 1960, a cobertura florestal tinha caído para menos de 700.000 hectares no final dos anos 2010, tornando a Guiné “um dos países com pior desempenho” em matéria de conservação florestal, dizia o texto, apesar dos esforços de reflorestação. Mesmo os “poucos restos de florestas classificadas (…) não são poupados”, referia-se.

O governo criado pela junta agora no poder promete “uma exploração florestal responsável e segura”.

O Conselho de Ministros decidiu “levantar a proibição de cortar madeira durante um ano para satisfazer as necessidades locais de madeira”.

O levantamento da proibição é acompanhado de uma redução do número de madeireiros licenciados, do número de motosserras, e de uma redução de três quintos das quotas nacionais de abate de árvores, agora fixadas em 8.208 metros cúbicos por mês.

O governo também decidiu “proibir formalmente a exportação de madeira guineense de qualquer tipo ou forma”.

Quantidades consideráveis de madeira são abatidas ilegalmente na Guiné e noutros locais da região e destinam-se aos mercados asiáticos.

A exploração da madeira, legal ou ilegal, para o seu próprio bem ou para outras atividades como a extração de sal ou a fumagem de peixe, é um dos motores da desflorestação.

As florestas também são pressionadas pela expansão das culturas de cacau, café e óleo de palma, a agricultura de corte e queimadas praticadas por uma população cada vez maior, a pressão demográfica de uma população que duplicou em 40 anos, e as atividades mineiras.

Segundo especialistas, esta desflorestação está a empobrecer a biodiversidade e a ter impacto nas populações, que são confrontadas com a erosão e acidificação do solo.

O Governo guineense diz que pretende promover o uso de estruturas metálicas na construção e prosseguir uma política de utilização de gás em vez de carvão e lenha.


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