A ministra da Agricultura disse hoje que a futura Barragem do Pisão, no concelho de Crato, vai ser o “motor de desenvolvimento” do distrito de Portalegre, com um sistema de regadio “construído de forma pioneira”.
O projeto vai envolver um investimento de “cerca de 120 milhões de euros”, dando origem a uma albufeira com “uma capacidade de armazenamento de cerca de 120 hectómetros cúbicos”, disse a ministra Maria do Céu Antunes numa visita que realizou hoje ao local onde vai ser construída a barragem, na ribeira de Seda.
E, acrescentou a governante, o projeto envolve também “mais 47 milhões de euros para a rede de rega”.
“Vai claramente ser um motor de desenvolvimento para um território como este, que é muito fragilizado do ponto de vista social, do ponto de vista económico e também do ponto de vista ambiental”, argumentou a titular das pastas da Agricultura e da Alimentação.
Na deslocação que efetuou hoje ao concelho do Crato, a ministra visitou também a pequena aldeia de Pisão, que vai ficar submersa quando a barragem for construída, conversando com diversos moradores.
A visita terminou no Mosteiro de Flor da Rosa, com a cerimónia de entrega do Projeto de Execução de Infraestruturas de Regadio do Aproveitamento Hidroagrícola do Crato (também conhecido como Barragem do Pisão) à Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA).
Em declarações aos jornalistas, Maria do Céu Antunes lembrou que “são 55.000 pessoas [e] são 15 concelhos [do distrito] que há muito aspiram por ter um sistema como este, que tem três funções”.
Uma delas é o “reforço do abastecimento [de água para consumo] humano”, indicou, precisando que outra delas é “a produção de energia limpa fotovoltaica, que vai suprir 60% das necessidades desta região e reduzir em 80% as reduções de gases com efeito estufa”.
A barragem vai permitir “regar cerca de 5.500 hectares e, com base nisso, diversificar a atividade económica, seja por via da produção primária, seja depois por via da transformação do turismo, do agroturismo, de tudo o que lhe está associado”, rematou.
Maria do Céu Antunes lembrou que o investimento para o projeto é oriundo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “que está a começar a dar os seus passos de afirmação territorial” e no sentido “de criar condições para promover a igualdade de oportunidades a todos os territórios”.
“E, do ponto de vista agrícola, queremos mesmo utilizar este novo sistema de regadio aqui a ser construído de forma muito pioneira, para trabalharmos esta dimensão do uso sustentável da água, garantindo a eficiência desde a captação à distribuição e, depois, ao uso na parcela agrícola”, realçou.
A governante garantiu que vai existir ainda “uma capacidade adicional de olhar para aquilo que são as características do solo” da região, “algum dele bastante pobre”, e recorrer a ferramentas para “os modos de produção sustentável, desde a agricultura biológica à agricultura baseada numa produção integrada ou até mesmo uma agricultura regenerativa”.
Já Hugo Hilário, presidente da CIMAA, a entidade responsável pelo projeto da Barragem do Pisão disse ter “a certeza absoluta” de que esta iniciativa vai “fazer a diferença para melhor” no território.
As obras de construção da Barragem do Pisão estão previstas arrancar este ano. O fecho de comportas e início do enchimento da albufeira deve ocorrer até final de 2025,