A coordenadora do BE defendeu hoje que o dinheiro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e da Política Agrícola Comum (PAC) deve ser investido na floresta e desenvolvimento rural e não pode continuar a ser entregue aos latifundiários.
“É bom que as pessoas saibam que o dinheiro que existe para investir no território, no desenvolvimento rural, na floresta, está a ir todo para os latifundiários. E agora que vai começar um novo quadro da Política de Agrícola Comum, o governo tinha a intenção (ainda antes das eleições) de fazer o mesmo. Escrevia umas coisas muito bonitas sobre clima e coisas biológicas e no fim, o dinheiro era entregue, outra vez, aos latifundiários”, afirmou Catarina Martins.
A coordenadora bloquista falava aos jornalistas em Cernache do Bonjardim, distrito de Castelo Branco, onde se juntou à Caravana pela Justiça Climática que está a percorrer o país para alertar e debater problemas como a desertificação, os incêndios, a seca, entre outros.
A líder do BE entende que esta é a altura, no país, para mudar o destino dos fundos da PAC.
“Ouvem falar do PRR, são 16 mil milhões, a PAC são 10 mil milhões. É muito dinheiro para o nosso país e esse dinheiro tem de vir para uma nova floresta, um novo desenvolvimento rural, não pode continuar a ser rendas dos latifundiários, como sempre, que só serve o abandono do território e não faz nada por este país”, sustentou.
A dirigente bloquista relembrou também que se encontra no Pinhal Interior, uma zona que foi palco, em 2017, “dos terríveis incêndios” e que “é bem o exemplo da falta de políticas” em Portugal.
“Lembro que depois dos incêndios de 2017, no parlamento, foi passada legislação e o BE empenhou-se muito nisso, para que houvesse investimento no território, numa nova floresta. Bem, houve observatórios sobre os incêndios, os cientistas deram as suas recomendações, mas depois das leis do parlamento e das recomendações dos cientistas ficou tudo na gaveta. O investimento nunca chegou”, afirmou.
Catarina Martins referiu ainda que o governo chegou mesmo a criar uma empresa pública “que nunca fez absolutamente nada”.
“Portanto, desde 2017 e até agora, mesmo depois de todas as promessas, mesmo depois do trabalho no parlamento por uma nova legislação, mesmo depois das recomendações dos cientistas, não aconteceu nada. E o território está ao abandono e um território em abandono é um território mais perigoso. A floresta e o território, nomeadamente no Pinhal Interior, está abandonado”, concluiu.
A responsável do BE frisou também que a sua presença na caravana climática tem ainda como objetivo mostrar a sua solidariedade e dar visibilidade ao “extraordinário trabalho” que está a ser feito por aqueles que não desistem de lutar por justiça climática.