Esta terça-feira, no dia Internacional da Reciclagem, a Comunidade Intermunicipal da Beira Baixa (CIMBB) debateu o impacto das alterações climáticas no território com enfoque no setor da economia, antecipando soluções e apontando case studies que possam ser equacionados como exemplos e instrumentos de adaptação a esta problemática. Ficou expressa igualmente a importância das Comunidades Intermunicipais, no caso a CIMBB, na adoção de soluções locais e regionais para dar resposta à adaptação às alterações climáticas à escala nacional.
O tempo chegou e urge debater, mas também reagir às alterações climáticas, avaliar o seu impacto, o seu custo económico e social, para encontrar ferramentas e soluções de adaptação a esta problemática. Foi neste contexto que decorreu, esta terça-feira, 17 de maio, na Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova do Instituto Politécnico de Castelo Branco (ESGIN do IPCB), a quarta sessão temática integrada no Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da Beira Baixa. A plateia do Auditório Prof. Domingos Rijo esteve repleta de convidados, especialistas, professores, estudantes e curiosos para debater as questões das alterações climáticas na vertente Económica.
A sessão iniciou com as intervenções da Diretora da escola anfitriã do evento, Sara Brito Filipe e do Presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, que deram as boas-vindas ao auditório e destacaram a importância da discussão destas temáticas.
O primeiro painel dedicado às Alterações Climáticas e a Economia começou com Conceição Vieira, engenheira CEO da ENHIDRICA, entidade responsável pela elaboração do Plano de Adaptação às Alterações Climáticas da Beira Baixa, com uma exposição sobre o impacto das alterações climáticas em setores como a indústria, serviços e turismo.
Na sua intervenção online a partir da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, João Cerejeira, abordou o impacto das alterações climáticas e da transição energética no emprego, as transformações esperadas e quais as possibilidades de adaptação, apontando a necessidade “do investimento na formação e requalificação de trabalhadores nas áreas da indústria transformadora, construção e transportes”. O docente abordou a questão dos chamados “empregos verdes” e a “inclusão social”.
No segundo painel dedicado à Atividade Económica na Beira Baixa e às Alterações Climáticas, Miguel Freitas, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve, falou sobre a sustentabilidade do regadio em Idanha-a-Nova, procurando olhar para “aquilo que é a problemática do aproveitamento hidroagrícola da campina de Idanha-a-Nova” apresentando uma proposta de plano de sustentabilidade para o regadio nesta bioregião.
A última intervenção terminou com o caso prático da Living Seeds – Sementes Vivas, S.A, uma empresa grow up implementada localmente em Idanha-a-Nova, com uma visão estratégica disruptiva de produção e promoção de sementes biológicas e biodinâmicas. Tânia Pinto salientou a importância da biodiversidade dos alimentos, da preservação do património local, recuperação da biodiversidade, das variedades autóctones e do material genético como as sementes com tradição.
Seguiu-se o debate moderado por Sérgio Bento, Presidente da Direção da Associação Comercial e Empresarial da Beira Baixa (ACICB).
As Jornadas das Alterações Climáticas encerraram com a intervenção do 1º Secretário do Secretariado Executivo da CIMBB, João Carvalhinho, que sublinhou o facto de estarmos perante “o maior desafio societal”. Apontou para a necessidade e importância da apresentação do Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da Beira Baixa “que reflita a natureza e a dimensão económica” deste território, com atenção na gestão da água como “elemento crucial”. Para isso, referiu: “Não cruzamos os braços para lidar com este cenário de mudança do nosso contexto climático”. Temos [CIMBB] a absoluta consciência das nossas fragilidades”. “Estamos no âmago da faixa mediterrânica afetada fortemente pelas alterações climáticas e sabemos que temos de procurar uma transição justa”, adiantou João Carvalhinho. Nota final para caraterizar o objetivo e a determinação para que este Plano possa “fortalecer institucionalmente o território e todos os seus agentes”, concluiu.
Até ao final de junho de 2022, estão previstas mais duas sessões temáticas (27 de maio e 15 de junho), que culminarão na criação e implementação de um Plano que irá dar origem a instrumentos de planeamento e gestão, assim como à aplicação de 25 medidas de adaptação às alterações climáticas.
Sobre o Plano Intermunicipal de Adaptação às Alterações Climáticas da Beira Baixa (PIAAC-BB)
O PIAAC-BB tem como propósito aumentar o conhecimento sobre o fenómeno das alterações climáticas a nível regional e local, simultaneamente identificando as medidas de adaptação necessárias a adotar. Pretende-se que o PIAAC-BB se afirme como um instrumento de promoção da integração da adaptação (mainstreaming em políticas e instrumentos de planeamento e gestão de âmbito municipal e intermunicipal, capaz de fomentar a criação de uma cultura de adaptação transversal a todos os setores e stakeholders, reforçando a resiliência do território). O PIAAC-BB deverá ser assim um instrumento catalisador do envolvimento de múltiplas partes interessadas a nível local, regional e nacional.
Mais informações neste link
A CIMBB integra os concelhos de Castelo Branco, Idanha-a-Nova, Oleiros, Penamacor, Proença-a-Nova e Vila Velha de Ródão.