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Biólogo apela ao Governo para manter caudais mínimos no Douro Internacional

O biólogo e presidente da Associação Palombar, José Pereira, apelou hoje ao Governo português para que sejam mantidos os caudais no rio Douro para manter “viva” o ecossistema no seu troço internacional, rico em fauna piscícola e avifauna rupícola.

“O que devemos esperar do nosso Governo e de quem tutela estes assuntos é que defenda a garantia de haver caudais mínimos para manter vivo o ecossistema aquático e toda a sua biodiversidade, [que conta] com espécies únicas na Europa como aves rupícolas”, afirmou à Lusa o especialista em avifauna e meio ambiente.

O rio Douro entra em Portugal na localidade de Pardela da Raia, no concelho de Miranda Douro, distrito de Bragança, a jusante da barragem espanhola do Castro, “sendo este o primeiro concelho raiano em território nacional a sofrer os efeitos de uma diminuição eventual de caudais neste curso de água transfronteiriço, todo ele incluído na área do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI)”, disse.

Portugal e Espanha comprometeram-se na quarta-feira a encontrar “soluções que minimizem os impactos” da seca, admitindo preocupação perante as previsões meteorológicas que obrigarão ao reforço da coordenação da gestão da água e da libertação de caudais.

O compromisso foi assumido numa declaração conjunta de Portugal e Espanha, divulgada pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática, depois de os dois países terem acordado reduzir as descargas de água de barragens espanholas da bacia do Douro, assumindo a impossibilidade de cumprimento dos caudais mínimos acordados.

No texto, os executivos confirmam que até sexta-feira, quando termina o atual ano hidrológico, Espanha “não irá cumprir com os caudais anuais nos rios Tejo e Douro, que se antecipa que fiquem em cerca de 90% dos valores estabelecidos na Convenção”.

O biólogo lembrou que “há compromissos assumidos entre os dois países ibéricos” e considerou que “não se pode nadar para trás, porque poderá a médio prazo haver consequências graves para o ecossistema do Douro Internacional”.

Para José Pereira, as primeiras espécies a “sofrer” com a redução de caudais, se não forem respeitados os mínimos, são as piscícolas, e este efeito depois alastra-se a todo “um rico” ecossistema natural.

“É preciso manter a força física e química das águas do rio Douro para manter toda a sua biodiversidade”, vincou José Pereira.

A Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural é uma entidade sem fins lucrativos, criada em 2000, que tem como missão conservar a biodiversidade, os ecossistemas selvagens, florestais e agrícolas e preservar o património rural edificado, bem como as técnicas tradicionais de construção.

A área de intervenção da Palombar é principalmente a região de Trás-os-Montes, contudo, a associação tem vindo a expandir o seu território de atuação.

Na sequência de uma reunião no sábado entre os governos dos dois países, foi tomada “de comum acordo” a decisão de “reduzir a descarga de água das barragens hidroelétricas durante esta última semana do ano hidrológico, perante a evidência de que já não se vai cumprir a 100% o estipulado na Convenção de Albufeira”, que rege a gestão e os caudais dos rios partilhados por Portugal e Espanha, segundo uma resposta enviada na quarta-feira a questões da agência Lusa da assessoria de imprensa do Ministério da Transição Ecológica e Desafio Demográfico espanhol (MITECO).


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