Boas práticas de adubação mecânica

Nos povoamentos florestais, a adubação de manutenção promove ganhos de produção de 20 a 30%, sobretudo com maquinaria adequada.

A prática da adubação de manutenção é uma atividade necessária para o adequado desenvolvimento dos povoamentos, uma vez que a grande maioria dos solos florestais em Portugal são pobres e não têm capacidade de suprir as necessidades nutricionais das plantas. No caso do eucalipto, é nos primeiros anos de idade que a planta apresenta maiores necessidades de fertilização.

A adubação de manutenção é importante para a rendibilidade do produtor florestal, pois promove em média ganhos de produção da ordem de 20 a 30%, que podem ser superiores quando complementados com adequadas técnicas de controlo de infestantes (matos e invasoras), como abordamos no Consultório Técnico dedicado à aplicação de herbicidas. A adubação à base de azoto e boro, mas também com a inclusão do fósforo, potássio e cálcio (conforme as necessidades de cada povoamento e em cada região), é essencial para manter a sustentabilidade do sistema solo-planta. Informação mais detalhada e customizada para cada situação está disponível na plataforma e-globulus.

A adubação mecânica permite eficiência na área total, com homogeneidade de distribuição dos grãos, mas a grande mais-valia dos equipamentos é possibilitar a adubação em bandas, nas linhas de plantação e debaixo das árvores.

Em média, nos últimos anos, estima-se que foram adubados 40 a 50 000 ha por ano, considerando áreas geridas pela indústria da celulose e privados. No século passado, com mão-de-obra disponível no meio rural, a maioria das adubações era realizada de forma manual, mas hoje, perante a crescente escassez de mão-de-obra, torna-se insustentável a realização de muitas operações florestais. O recurso a maquinaria adequada permite satisfazer as necessidades operacionais com maior rapidez e rendimento e, em muitos, casos proporcionando uma melhor performance, com melhor qualidade e homogeneidade dos trabalhos.

Tipo ou técnicas de adubação

  • Em povoamentos jovens até aos dois anos e meio de idade – recomenda-se realizar a adubação na linha ou na faixa de plantação, com cerca de dois metros de largura, na área de projeção da copa;
  • Em todos os povoamentos em talhadia (após a seleção de varas ou desbaste das toiças) e nas plantações novas com três ou mais anos de idade – recomenda-se realizar a adubação na generalidade da área, mas também é possível efetuá-la em faixas com dois a três metros de largura, ao longo das linhas de plantação.

Notas importantes:

1. Recomenda-se o controlo prévio do mato e das invasoras infestantes, que competem com a planta florestal pela água e nutrientes, e são um “combustível”, promovendo o risco de incêndio.

2. Na manutenção ou condução de povoamentos de eucalipto deve aplicar-se o adubo na superfície do terreno e desaconselha-se a sua incorporação no solo.

Características dos equipamentos

Distribuidores de adubo pendulares

Modelos: Vicon “PS 604-754”, Rocha “KP 800 Q” e Tomix “DP 700″

Capacidade: 600-700 L (500-600 kg de adubo e até 800 kg de calcário)

Equipados com os pêndulos: Nylon com 500 mm, com difusor na ponta – para espalhamento na área total (com largura de trabalho até 12 m); Nylon com cerca de 200 mm (igual ao anterior, mas cortado e sem difusor na ponta) – para espalhamento em duas bandas ou faixas, ao longo das linhas de plantação (aduba duas linhas de plantação em simultâneo); Inox com cerca de 300 mm e com difusor na ponta – para espalhamento de calcário na área total (com largura de trabalho de 5-6 m).

Distribuidores de discos

Modelo: “Gaspardo Ciro”

Capacidade: 600 L (500-550 kg de adubo e até 800 kg de calcário)

Principais características: Distribui adubo ou calcário em bandas ou em faixas, para a esquerda ou para a direita, ou para ambos os lados em simultâneo (ao longo das linhas de plantação ou nestas e em metade da entrelinha), ou generalizado para aplicação na área total (até 12 m de largura de trabalho). Nota: Também utilizável em terraços.

O rendimento depende do trator, do declive do terreno e da dimensão da parcela a adubar. Em adubações na área total e em terreno pouco declivoso, até 30 ha/dia; e em adubação em bandas (com duas linhas em simultâneo), até 20 ha/dia. Em pequenas áreas, no minifúndio, deve privilegiar-se o agrupamento de parcelas entre vizinhos, de forma a facilitar a adubação mecânica no conjunto das áreas.

Nas parcelas ou grupo de parcelas anexas que totalizem 20 ou mais hectares é mais fácil a utilização de “big-bags” e a consequente redução de plásticos na floresta. De qualquer modo, as embalagens do adubo (em saco ou em “big-bag”) devem ser recolhidas e entregues nos pontos de recolha adequados (serviços de recolha de resíduos municipais).

Vantagens da adubação mecânica

• Adubadores são adaptáveis a tratores de lagartas e de pneus;

• Alguns modelos estão igualmente adaptados para adubação em terraços;

• Equipamentos são de fácil utilização e estão disponíveis no mercado. São, inclusive, muito utilizados na agricultura (em particular em pomares, vinha e olival);

• Os resultados de dois anos de experiência na Navigator e na CELPA (Programa Limpa & Aduba) indicam que podem substituir operações que atualmente são realizadas manualmente, com maior eficiência de tempo e qualidade, e a um custo equivalente ou mesmo inferior;

• Permite adubar com eficiência na área total, com grande homogeneidade de distribuição dos grãos, embora a grande mais-valia destes equipamentos é possibilitar a adubação em bandas, nas linhas de plantação e debaixo das árvores – em duas linhas em simultâneo, adaptando-se ao compasso de plantação existente.

Nota: Este guia é da autoria de José Rafael, engenheiro florestal da The Navigator Company.

O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.


Publicado

em

, , ,

por

Etiquetas: