Boletim Mensal da Agricultura e Pescas – Agosto de 2020

Previsões Agrícolas

 

As previsões agrícolas, em 31 de julho, apontam para a diminuição da produtividade nos frutos frescos e na vinha. O decréscimo dos rendimentos unitários, face à última campanha, resulta da conjugação duma série de situações adversas, nomeadamente abrolhamentos heterogéneos, floração irregular e fenómenos meteorológicos extremos como granizo ou temperaturas muito elevadas. Neste contexto, preveem-se reduções de 35% na pera (que será das menos produtivas campanhas das últimas duas décadas), 30% no pêssego, 20% na maçã e 5% na uva para a produção de vinho. Na amêndoa, espera-se uma diminuição da produtividade da ordem dos 5%, sobretudo em resultado das condições meteorológicas por altura da floração/vingamento em Trás-os-Montes.

 

Nas culturas de primavera, prevê-se a manutenção da área semeada de milho para grão, num período em que os preços desta commodity nos mercados internacionais se encontram relativamente estabilizados. A colheita do tomate começou no final de julho, prevendo-se uma produtividade 10% inferior à alcançada em 2019. O arroz também deverá diminuir a produtividade (-5%), com problemas de controlo de infestantes e, pontualmente, escassez de água. Quanto à batata de regadio, prevê-se um rendimento unitário semelhante ao alcançado na campanha passada.

 

Quanto aos cereais de outono/inverno, cuja colheita ainda decorre em algumas regiões, a produção deverá ficar abaixo das 200 mil toneladas pelo segundo ano consecutivo (-5% que em 2019).

 

Gado, aves e coelhos abatidos

 

O peso limpo total de gado abatido e aprovado para consumo em junho de 2020 foi 40 500 toneladas, o que correspondeu a um acréscimo de 18,4% (-6,6% em maio), devido ao maior volume de abate registado nos bovinos (+16,2%), suínos (+19,3%), ovinos (+13,7%) e caprinos (+1,7%). O peso limpo total de aves e coelhos abatidos e aprovados para consumo foi 28 764 toneladas, o que representou um aumento de 7,9% (-7,5% em maio), devido ao maior volume de galináceos (+6,4%), perus (+21,7%), codornizes (+35,9%) e coelhos (+2,6%).

 

Produção de aves e ovos

 

O volume de produção de frango diminuiu 9,3%, com 23 924 toneladas (+2,5% em maio), tendo o número de cabeças sido também inferior em 9,9% (+5,6% em maio). A produção de ovos de galinha para consumo apresentou um aumento de 13,5% (+9,2% em maio), com 9 521 toneladas produzidas, sendo no entanto um volume 2,2% inferior ao registado no mês anterior.

Produção de leite e produtos lácteos

 

A recolha de leite de vaca foi 166,6 mil toneladas, o que representou um aumento de 1,5% (+0,5% em maio). Os produtos lácteos tiveram um acréscimo de 9,4% (-3,3% em maio), com maior volume nos principais produtos frescos e transformados: leite para consumo (+10,9%), leites acidificados (+2,3%), nata para consumo (+25,6%), manteiga (+5,5%) e queijo de vaca (+10,1%).

 

Pescado capturado

 

O volume de capturas de pescado em Portugal aumentou 2,8% (-12,0% em maio), justificado pela maior captura de peixes marinhos (nomeadamente de sardinha e cavala, mas também de peixe-espada e biqueirão) bem como de crustáceos. Às 12 042 toneladas de pescado correspondeu uma receita de 26 914 mil euros, valor que representou um decréscimo de 5,6% (-20,4% em maio).

 

O preço médio do pescado descarregado foi 2,19 Euros/kg, ou seja, um decréscimo de 7,6% (-9,8% em maio).

 

Preços e índices de preços agrícolas

 

Em julho de 2020, as variações mais significativas, em módulo, no índice de preços de produtos agrícolas no produtor foram observadas nos frutos (+18,8%), plantas e flores (+15,2%), batata (-37,9%), suínos (-12,7%) e hortícolas frescos (-12,5%).

 

Em comparação com o mês anterior, as variações de maior amplitude verificaram-se nas plantas e flores (+14,6%), batata (+13,2%), frutos (-10,7%) e ovos (-6,6%).

 

Em junho de 2020, o índice de preços de bens e serviços de consumo corrente (INPUT I) diminuiu 1,0% e o índice de preços de bens e serviços de investimento (INPUT II) aumentou 1,4%. Relativamente ao mês anterior, assistiu–se a um decréscimo de 0,2% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente e a um aumento de 0,1% no índice de preços de bens e serviços de investimento.

 

Primeiro semestre de 2020

 

No primeiro semestre de 2020 assistiu-se a uma quase manutenção do volume de gado abatido (+0,2%) e a um aumento para as aves e coelhos abatidos (+3,1%). Apresentaram igualmente variações positivas a produção de ovos para consumo (+6,2%) e o volume de produtos lácteos (+2,1%). O aumento da procura das famílias suscitada pelo confinamento decretado pela pandemia do COVID-19 no primeiro trimestre do ano foi determinante para este resultado. A quebra acentuada da procura a partir de abril na sequência da retoma do nível de consumo das famílias, encerramento da restauração, redução do turismo e dificuldades de colocação da produção no mercado interno e externo, suscitadas pela conjuntura da COVID-19, conteve o aumento da generalidade das produções de origem animal no segundo trimestre (nomeadamente nos abates e lacticínios), tendo sido registadas evoluções tendencialmente de decréscimo em relação ao trimestre anterior.

 

Entre janeiro e junho observou-se uma diminuição significativa (-18,8%) da quantidade de pescado capturado.

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Boletim Mensal da Agricultura e Pescas – Julho de 2020


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