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Boletim para balanço do Ano Vitícola 2022

O ano vitícola de 2021/2022 caracterizou-se por ser um ano, com um Inverno quente e seco, e com uma Primavera e Verão anormalmente quentes e secos. Destacam-se a reduzida precipitação, ao longo da maior parte do ciclo vegetativo, e as altas temperaturas registadas, em Maio, Julho e Agosto, pelo impacto tido na videira e na maturação da uva.

As condições climáticas condicionaram o desenvolvimento das doenças (míldio e oídio), reflectindo-se numa boa qualidade fitossanitária. A traça-da-uva apresentou uma nocividade  reduzida, ao longo das três gerações, não se tendo registado ataques significativos. A cigarrinha verde manifestou-se com alguma intensidade no final de Julho, de forma pontual e sobretudo no Douro Superior, obrigando a tratamentos específicos próximo da vindima.

Fruto da reduzida precipitação ocorrida durante o Inverno e Primavera, com Março a apresentarse como a excepção, a água apresentou-se como o principal factor limitante ao normal desenvolvimento da videira desde uma fase muito precoce do ciclo. Desde a Floração que se obtiveram recordes de potencial hídrico foliar de base (Ψbase) em cada uma das fases monitorizadas, tendo-se verificado em finais de Agosto o valor mais negativo de Ψbase alguma vez registado (-1,58 MPa; Défice Severo), tornando-se claro o impacto das condições meteorológicas (elevadas temperaturas e severa escassez de água) verificadas até então. Com a precipitação de Setembro verificou-se uma relativa recuperação dos valores de Ψbase, situandose à vindima nos -1,30 MPa (Défice Severo). A ADVID acompanha a evolução do Ψbase nesta parcela (Soutelo do Douro) desde 2002, sendo este o ano “mais seco” de que temos registo, suplantando os anos de 2005 (-1,38MPa) e 2017 (-1,41MPa). Para as restantes parcelas de referência, com menor histórico, mas onde a ADVID promove o mesmo trabalho, a tendência verificada foi similar.

De acordo com os dados recolhidos no Observatório Vitícola da ADVID, o ciclo vegetativo em 2022 nas três sub-regiões apresentou um atraso ao abrolhamento, em comparação com a média dos últimos 8 anos (2014-2021), atraso esse que não se manteve durante o ciclo até à vindima. As vindimas das Parcelas de Referência do Observatório Vitícola este ano terminaram mais cedo em comparação com a média 2014-2021, com início a 22 de Agosto e término a 29 de Setembro.

Tendo em conta o desavinho e a continuidade das condições climáticas adversas após a floração, aquando da realização do Balanço Intercalar (11 de Julho) foi considerado que a previsão de colheita dever-se-ia situar abaixo do limite inferior de 262 mil pipas previsto pelo modelo pólen.

A continuidade de seca e temperaturas muito elevadas durante o período de maturação, obrigaram a vindimas precoces, que abrandaram com temperaturas mais baixas e precipitação ocorridas no início de Setembro. Estas condições foram benéficas para a qualidade, mas com pouco impacto na quantidade, estimando-se uma quebra de 15-20% relativamente a 2021.

A vindima de 2022, das parcelas em análise, apresenta bagos mais pequenos o que traduziu em menor peso, mostos com teores de açúcar, acidez total e compostos fenólicos ligeiramente inferiores à média de 16-21, mas dentro dos valores normais para vinhos de elevada qualidade.

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Fonte: ADVID


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