Os Bombeiros Voluntários de Coimbra (AHBVC), que estão a comemorar 133 anos, vão inaugurar novas instalações depois de uma empreitada de requalificação do seu quartel-sede e estão a apostar na ligação próxima aos comerciantes da baixa da cidade.
Localizada na avenida Fernão de Magalhães, precisamente na baixa de Coimbra, a associação humanitária, que passou, nos últimos anos, “por momentos difíceis”, está “a tentar reabilitar-se”, disse à agência Lusa o presidente da direção, João Vasco Ribeiro.
“Não está ainda, provavelmente, como queríamos, mas está a caminho de ser uma corporação moderna. Sempre em conjunção com as outras duas corporações de Coimbra, os Sapadores e os Voluntários de Brasfemes, no sentido de haver alguma racionalidade de meios. Na Proteção Civil temos de remar para o mesmo lado e haver espírito de entreajuda e solidariedade ativa”, advogou o dirigente.
No domingo, a corporação de Voluntários inaugura novas instalações, depois de ter procedido à reabilitação do quartel-sede da associação, bem como à construção de um novo edifício “ao fundo da parada, uma parte nova, operacional, onde estão os bombeiros, as camaratas de homens e mulheres”, lavandaria e outros serviços de apoio, explicou João Vasco Ribeiro.
A obra implicou um investimento de cerca de um milhão de euros, financiados por fundos europeus do POSEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), o apoio da Câmara Municipal de Coimbra e fundos próprios decorrentes de empréstimos, que agora a associação “irá pagar com calma”, enfatizou.
Às novas instalações e a recuperação das primitivas, a AHBVC pretende aumentar a parada do quartel, estando em negociações com “os vizinhos do lado” para esse efeito.
Uma das apostas da direção dos Voluntários é a de vir a “especializar” o corpo de bombeiros “em ataques de incêndios urbanos”, adquirindo material para o efeito, que possa ser utilizado, por exemplo, na Baixa de Coimbra, mas também de reforçar a ligação à comunidade que ali reside e trabalha.
“Temos aqui bons carros para o desencarceramento, combate a incêndios florestais e incêndios urbanos genéricos. Mas quando chegamos à Baixa, a coisa complica-se um bocado. A Baixa tem condições estruturais que exigem muito cuidado, como se fosse um centro comercial ao ar livre feito de coisa antigas”, observou João Vasco Ribeiro.
“Estando os Bombeiros Voluntários na Baixa de Coimbra, faz todo o sentido esta ligação à comunidade. E podemos fazer muita coisa, por exemplo, com os comerciantes. Temos instrumentos para verificar se há fugas de gás ou falhas de água, temos muita coisa para fazer”.
Em simultâneo com essa atividade, a corporação quer fazer simulacros de acidentes e incêndios, o primeiro já na quinta-feira, pelas 16:00, num restaurante da rua Direita – umas das principais ruas da Baixa, que liga a zona do Terreiro da Erva à Praça 08 de Maio — e que contará com a colaboração da PSP e a participação dos bombeiros Sapadores e Voluntários de Brasfemes.
“Os simulacros são sempre importantes, até para os comerciantes perceberem como se faz. Se não o fazemos, nem eles sabem como é, nem nós aprendemos também as dificuldades”, frisou João Vasco Ribeiro, notando ser “incrível” ver, na Baixa, “como as casas estão metidas uma nas outras”, o que causa problemas acrescidos à segurança na cidade.
“É uma coisa complicada. Pegando ali um incêndio, é um desastre total”, avisou.
Em termos de meios humanos, os Voluntários passaram por “alguma renovação, com malta nova em duas EIP [Equipas de Intervenção Permanente]”, possuindo 82 bombeiros no corpo ativo, “dos quais 13 são profissionais, o que melhora muito”.
“Estamos a tentar atrair alguns voluntários e a renovar. Vamos fazer uma academia de cadetes, até porque temos aqui boas hipóteses no que diz respeito a escolas”, declarou João Vasco Ribeiro, adiantando que a associação tem também estabelecido protocolos a nível de instituições de ensino superior, para captar alunos que possam “fazer algum voluntariado que conte para as suas disciplinas” e tenham benefícios no pagamento de propinas.
“Depois, acredito que alguns vão ficar. Gostava de continuar a ter voluntários, costumo dizer que só quero voluntários com sentido profissional e quero profissionais com sentido voluntário”, sublinhou.
Ao nível do comando, os Bombeiros Voluntários de Coimbra possuem uma estrutura “que não é profissional, mas que é boa” — o comandante, Nelson Antunes, é também o coordenador da Escola Nacional de Bombeiros de São João da Madeira — e pretendem caminhar para a profissionalização.
“Não faz sentido ser um comandante voluntário a comandar profissionais. Para já vamos ter um segundo comandante novo, quero ver se o liberto [das atuais funções], é funcionário do CHUC [Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra] e gostava de o ter a tempo inteiro”, disse João Vasco Ribeiro.
O programa de aniversário, que decorre ao longo desta semana, inclui, entre outras iniciativas, no sábado, dois `workshops`, um de suporte básico de vida e outro “para ensinar as pessoas a utilizar extintores”, abertos a qualquer interessado, mas limitado no número de inscrições.
“Os extintores são servem para nada se não houver gente a saber operá-los. São importantes em várias situações, num automóvel, numa cozinha de casa ou outros espaços como centros comerciais, onde a proteção é fundamental. O curso não é muito grande, é limitado a 30 pessoas, porque gastamos os extintores para as pessoas poderem fazer prova de que os aprenderam a usar”, sustentou.