Pela natureza dos seus terrenos argilocalcários — os “barros” que deram o nome à região — a proximidade do Atlântico e condições climatéricas que favorecem frescura e acidez, a Bairrada é a região de excelência para brancos. Vinhos de grande estrutura e equilíbrio, com enorme carácter e potencial envelhecimento. Como aqueles que ao longo das últimas décadas Mário Sérgio Nuno tem vindo a fazer na Quinta das Bágeiras, seguindo princípios básicos e simples para que mostrem acima de tudo as características do lugar.
Escolheu, por isso, fazer vinhos sem concessões, tendo família e tradição como única referência e orientação. Com enologia mínima, da forma mais natural possível e à semelhança do que faziam pais e avós. Apenas com uvas da produção própria, tratadas e trabalhadas como sempre foi feito pelos seus antepassados. Ou seja, um bairradino, agricultor e vigneron, como Mário Sérgio sempre gosta de se apresentar.
E assim são também os vinhos, bairradinos e de agricultor, no sentido da força de carácter e identidade local e expressão das uvas por ele cultivadas.
Depois do avô, Fausto, e do pai, Abel, que faziam vinhos para vender aos grandes armazenistas e engarrafadores, Mário Sérgio convenceu em 1989 os pais a avançarem para marca própria. Um passo arrojado, mas feliz — sobretudo para os (agora fiéis) consumidores —, que fez juntar ao negócio a quarta geração, Frederico Nuno, já enólogo.
A par da homenagem ao pai, este branco é a expressão da excelência da Bairrada. Pela força de carácter e estrutura quase opulenta, mas também porque é um vinho de agricultor, expressão das uvas e do seu terroir. À complexidade aromática, de fundo cítrico, associa também a profundidade fresca que lhe conferem os solos calcários. Na boca é estruturado, cheio, com riqueza frutada, complexidade e equilíbrio. Termina longo, com acidez assertiva, leve nota de vegetal seco e saborosamente frutado. Vai dar grande prazer por muitos e bons anos.