O presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Moretti, afirmou hoje que o Brasil tem a responsabilidade moral de partilhar a sua tecnologia de ponta no setor com outros países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Trata-se de “um gesto de nobreza do Brasil” nas suas relações com o mundo lusófono, afirmou, em entrevista à agência Lusa, Celso Moretti, à margem do Seminário “Agronegócio Sustentável no Brasil”, que decorre em Lisboa.
“O Brasil tem um papel fundamental, em parcerias, de levar tecnologia, conhecimento para melhorar o nível de educação empreendedora” no agronegócio, “sobretudo nos países africanos onde nós temos a língua portuguesa”, afirmou
“Nós somos um país português, africano, com miscigenação. Como nós fomos muito marcados no início de ser importadores de alimento, nós atacámos muito a área de conhecimento para nos libertarmos do jugo da importação de alimentos”, recordou o dirigente da Embrapa.
“Como não havia tecnologia [agropecuária] tropical, nós nos debruçámos” sobre essa área e hoje o Brasil é “um país que já traz segurança alimentar para o mundo”, afirmou Moretti, à margem da iniciativa em Lisboa, promovida pelas comissões de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado Federal e Câmara dos Deputados do Brasil, no âmbito da comemoração dos 25 anos da criação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Na “relação de governo para governo”, é possível uma “transferência de tecnologia” a “custo zero” no que diz respeito aos projetos estatais, explicou.
“Nós oferecemos conhecimento, tecnologia, metodologia, a experiência bem sucedida do Brasil”, afirmou o dirigente, que se mostrou expectante com o acordo económico do bloco sul-americano Mercosul com a União Europeia.
O impasse no acordo “não é bom sobre o aspeto económico, não é bom sobre o aspeto social, até porque fica muito inexplicável você não ter um país como o Brasil e o próprio Mercosul” num “bloco de entendimento entre nações”.