Brasil: Especialistas debatem tecnologias inovadoras para sementes de milho

A Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG) participou da 38ª Reunião Ordinária da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Milho e Sorgo, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, realizada on-line em 10 de novembro de 2021.

A reunião foi presidida por Sérgio Luiz Bortolozzo. O presidente agradeceu a confiança de todos os membros da comissão que o reconduziram ao cargo por mais um período. “Eu fico muito feliz de receber estas palavras de incentivo e quero dizer que vou estar sempre à disposição em prol do produtor rural em qualquer instância”. Bortolozzo também agradeceu a presença dos membros da comissão, inclusive do ex-ministro Alysson Paulinelli.

O gerente da área de análise de mercado de política agrícola, Fernando Gomes da Motta, da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), mostrou o acompanhamento da safra brasileira de grãos de milho, com foco em preços, balança de ofertas e valores. Enquanto Galber Silveira, da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), comentou sobre os insumos para a segunda safra do milho e o acompanhamento dos custos de produção e rentabilidade do agricultor.

Maria Marta Pastina, chefe-adjunta de Pesquisa & Desenvolvimento, da Embrapa Milho e Sorgo, falou sobre inovações tecnológicas para o mercado de sementes de milho no Brasil. Os trabalhos da Empresa contribuem para o planejamento e a elaboração de políticas públicas para o agronegócio.

Ela relatou o aumento significativo da produção nacional de grãos de milho ocorrido desde 1976 a 2020. A produção saltou de 19,3 milhões para 102,5 milhões de toneladas. Esse aumento aconteceu com apenas 1,6% de acréscimo de área plantada e proporcionou um crescimento de 3,4 vezes de produtividade.

“Esse aumento de produtividade é para enfatizar o importante papel da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação para o acréscimo na produção nacional de milho. Apresento aqui uma estimativa da área poupada em função dos avanços tecnológicos. Considerando a produtividade média que havia em 1976, estimamos a área necessária para alcance de 102,5 milhões de toneladas de grãos de milho. A gente percebe que para conseguir esta evolução em termos de produtividade existe um papel muito importante da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação para o progresso tecnológico. Essa evolução tecnológica, em termos de área poupada, representa 44,3 milhões de hectares no Brasil. Essa área equivale à soma dos territórios da Alemanha e da Áustria”, pontuou a pesquisadora.

Segundo ela, “o progresso tecnológico acontece em função de melhorias do ambiente a partir do desenvolvimento de novos processos agropecuários para o manejo da qualidade física, química e tecnológica do solo, controle de insetos-pragas, de doenças e de plantas daninhas, adoção de novas tecnologias digitais e de precisão e avanços da pesquisa com o melhoramento genético”. A publicação “Tecnologias Poupa Terra 2021”, da Embrapa, traz relatos deste processo.

Pastina destacou a existência de mais de cinco mil acessos de germoplasma de milho tropical na Embrapa. Os projetos de pesquisa priorizam obter resultados para o manejo de resistência genética a insetos-pragas, principalmente para o controle da lagarta-do-cartucho e para o controle de doenças, como os enfezamentos. A tolerância a estresses abióticos provocados pelo alumínio e pelo déficit hídrico e a eficiência ao uso dos nutrientes nitrogênio e potássio são outras prioridades dos projetos de pesquisa.

“A Embrapa também participa do projeto de Biofortificação. A variedade de milho biofortificado BRS 4104 é utilizada em programas governamentais para inclusão socioprodutiva, para a distribuição de sementes em benefício da agricultura familiar. Hoje a gente tem aproximadamente cinco mil famílias que já foram atendidas por este projeto”, destaca Pastina.

Ela citou também a identificação de linhagens que têm maior eficiência na absorção de fósforo e o produto BiomaPhos, à base de microrganismos para solubilização de fósforo, fruto de pesquisa da Embrapa, e realizado em parceria com a empresa Simbiose. Outros importantes projetos também são desenvolvidos com empresas parceiras.

Cigarrinhas e enfezamentos

O diretor Paulo Campante, da Área de Germoplasma da CropLife Brasil, apresentou o projeto “Manejo do risco dos enfezamentos e manejo integrado da cigarrinha Daubulus maidis em milho”. Este trabalho conta com o apoio técnico da Embrapa e tem o objetivo de desenvolver estudos básicos e aplicados, visando subsidiar estratégias para o manejo do risco de alta incidência e de danos por enfezamentos e para o manejo integrado de populações de cigarrinhas, em áreas de produção de sementes e de grãos de milho no Brasil.

Tecnologias Poupa Terra

A publicação “Tecnologias Poupa-Terra 2021” foi lançada no aniversário da Embrapa. A versão em inglês do periódico foi anunciada pelo presidente da Embrapa Celso Moretti na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, na Escócia.

No capítulo 6 deste livro, os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo abordam o “Aumento de produtividade e rentabilidade de milho com intensificação tecnológica”. Segundo eles, “nas três últimas décadas, a produção de milho no Brasil quadriplicou, fato que permitiu ao País superar a marca de 100 milhões de toneladas pela primeira vez.

Neste processo, a produtividade teve um papel mais determinante para o aumento de produção do que os acréscimos de área plantada, porque o aumento de produtividade tem demandado menor quantidade de terra para incrementar a oferta de milho, resultando no efeito que se convencionou chamar poupa-terra”.

“A adoção e difusão de novas tecnologias e práticas agrícolas impactaram a produção ao superar diversos desafios para viabilizar o plantio do milho em sucessão a outras culturas, com destaque para o sistema plantio direto (SPD), avanços na genética e biotecnologia, a construção da fertilidade do solo e melhorias nos tratos culturais para o controle de plantas daninhas, insetos-pragas e doenças. A expansão da cultura do milho em sistemas de cultivo, sem a necessidade de abertura de novas áreas, estabeleceu o Brasil como um dos principais produtores do cereal. Esta ação foi feita respeitando o meio ambiente, otimizando o uso de recursos naturais e contribuindo com as principais políticas públicas e metas conservacionistas hoje vigentes no Brasil e no mundo, com destaque para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, relatam os pesquisadores da Embrapa Milho e Sorgo na publicação.

O artigo foi publicado originalmente em Embrapa.


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