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Brasil utiliza vespas como agente biológico de controle do greening nos citrinos

Greening (Huanglongbing/HLB) é uma das doenças dos citrinos mais destrutivas no mundo: as plantas contaminadas não podem ser curadas e não há variedade comercial de copa ou porta-enxerto resistente à doença.

A doença, que já dizimou muitos pomares de citrinos nos Estados Unidos, está a ser controlada no Brasil através da utilização de um agente biológico – a Tamarixia radiata. Inimiga natural do psilídeo, esta vespa de proporções diminutas é um predador natural do vetor do greening. Não há recurso a qualquer fitossanitário nesta operação, não é provocado nenhum dano à lavoura ou à saúde dos agricultores nem desequilíbrio ambiental.

O Greening é uma doença provocada pelas bactérias Candidatus Liberibacter asiaticus e Candidatus Liberibacter americanus, transmitidas pelo inseto psilídeo Diaphorina citri, originário do continente asiático, de coloração branca acinzentada e manchas escuras nas asas, com comprimento de 2 a 3 mm, e muito frequente nos pomares nas épocas de floração das plantas.

De acordo com o Fundecitrus (Fundo de Defesa da Citricultura, uma associação privada sem fins lucrativos), a ‘vespinha do bem’ apresenta altos níveis de eficiência. Uma única fêmea de Tamarixia radiata controla até 400 psilídeos. Em campo, pesquisas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) comprovaram que há a eliminação de até 70% da população dessa praga.

O Fundecitrus revela que já produziu mais de três milhões dessas vespas nos últimos cinco anos, desde a inauguração do Laboratório de Controle Biológico (em 2015). Trata-se de uma instalação com capacidade para criar até 100 mil vespas/mês, e que recebe o apoio da Bayer CropScience no projeto de parceria “Citrus Unidos”, firmado entre instituições que desenvolvem novos produtos e tecnologias sustentáveis para a agricultura brasileira.

O psilídeo utiliza as plantas hospedeiras para se alimentar e se reproduzir, partindo daí para atacar pomares comerciais. “Hoje a produção do Laboratório de Controle Biológico é utilizada no manejo do greening nas áreas externas das fazendas e libertada no parque citrícola pelas equipas regionais do Fundecitrus”, conta a bióloga Clara Delgado, responsável pelo Laboratório de Controle Biológico.

As áreas para libertação das vespas são definidas pelo programa “Alerta Fitossanitário do Fundo de Defesa da Citricultura”. Esse sistema tem a função de detectar os locais e momentos com alta população de psilídeo no maior parque citrícola brasileiro (e mundial), que está localizado numa faixa de terras que vai do estado de São Paulo até à região sudoeste do estado de Minas Gerais.

Os 10 Mandamentos para controlo

O Fundecitrus publicou recentemente o “Manual de Manejo do Greening”, direcionado para citricultores, engenheiros agrónomos, técnicos e outros profissionais do setor citrícola. No material-gratuito- são apresentados “10 Mandamentos”, ou estratégias para o combate da doença, incluindo a gestão das informações para lidar com o greening, monitoramento do inseto transmissor, controlo, inspeção de plantas e histórico de ocorrência da doença.

Paralelamente, o Fundo de Defesa da Citricultura lançou uma aplicação, denominada Siceg (Sistema de Controle Externo de Greening), para o cadastro, mapeamento e georreferenciamento das plantas de citros e murtas localizadas ao redor da propriedade citrícola e que servem como fonte de contaminação da doença. Pela app é feito o registo da distância das árvores e dos pomares e quais ações estão a ser executadas para o controlo da doença.


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