O ministro das Relações Exteriores do Brasil desloca-se à ilha indonésia de Bali na quinta-feira para a reunião dos ministros dos negócios estrangeiros do G20 e levará como prioridades do país a estabilidade dos mercados de energia, alimentos e fertilizantes.
“O Brasil atuará em defesa da renovação e do fortalecimento do multilateralismo, da resolução pacífica dos conflitos, do respeito ao Direito Internacional Humanitário e da reforma de organismos internacionais, como a OMC e a ONU”, lê-se numa nota divulgada hoje pelo Itamaraty.
Os responsáveis brasileiros indicaram ainda que o país “defenderá a atuação coordenada da comunidade internacional para estabilização dos mercados internacionais de energia e de alimentos, além de insumos críticos para o Brasil, como fertilizantes”.
As discussões em Bali servirão como base para a Reunião de Líderes do G20, que se realiza a 15 e 16 de novembro.
O Brasil, um dos principais ‘celeiros do mundo’ e um dos maiores exportadores do mundo de produtos agrícolas, contudo, depende em mais de 80% de importação de fertilizantes, sendo que cerca de 20% destes provem da Rússia e mais de 10% da Bielorrússia.
A guerra entre a Rússia e a Ucrânia desencadeou uma nova crise económica internacional, fez subir os preços dos combustíveis, pressionou a inflação a nível mundial e ameaçou o fornecimento de alguns produtos importados pelo Brasil, principalmente fertilizantes e trigo.
Os preços dos combustíveis dispararam no Brasil e provocaram impacto na inflação, que está em torno de 12% ao ano.
O Governo brasileiro tem tipo uma abordagem ambigua em relação à Rússia desde que o país lançou a ofensiva militar na Ucrânia.
Por um lado, votou no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) contra a Rússia numa resolução que condenava as ações de Moscovo.
Por outro, absteve-se da resolução que suspende a Rússia do Conselho de Direitos Humanos devido a alegados crimes de guerra e crimes contra humanidade na Ucrânia.
Dias antes do ataque russo, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, reuniu-se com o homólogo russo, Vladimir Putin.
O Brasil não apoia as sanções impostas à Rússia, estando mesmo a encetar esforços para que a venda de fertilizantes russos não seja incluída nas sanções.
A 18 de abril, o Brasil pediu apoio da diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) na defesa de exclusão das sanções internacionais fertilizantes russos e bielorrussos, necessários para o país produzir e exportar alimentos, pedido este que foi anuído.