Cabo Verde vai receber mais uma ajuda alimentar do Japão, avaliada em 1,4 milhões de euros, referente a 2021, que vai permitir aumentar a disponibilidade de cereais e estabilizar os preços no mercado nacional, foi hoje anunciado
O Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Integração Regional do Governo de Cabo Verde informou, em comunicado, que o acordo por troca de notas que confirma a ajuda será assinado na sexta-feira, na cidade da Praia.
Atribuída no âmbito das relações de amizade e de cooperação entre os dois países, a ajuda alimentar japonesa a Cabo Verde está avaliada num montante de 200 milhões de ienes (1,4 milhões de euros).
“A ajuda alimentar japonesa vem ajudando as autoridades cabo-verdianas na resposta aos desafios ligados à Segurança Alimentar e Nutricional, contribuindo para o aumento da disponibilidade de cereais e estabilidade de preços no mercado nacional, que devido à pandemia, conjugado com a seca dos últimos anos e com a guerra na Ucrânia, vem agravando cada vez mais a segurança alimentar nacional”, referiu o ministério cabo-verdiano.
Com o valor da venda dos cereais em todo o território nacional, o Governo cabo-verdiano avançou que será criado um fundo de contrapartida para financiar projetos de desenvolvimento socioeconómico nas áreas da agricultura, segurança alimentar, disponibilidade de água e saúde com “impacto positivo” na melhoria das condições de vida da população.
Em março, o Japão doou 1.050 toneladas de arroz a Cabo Verde, permitindo aumentar as reservas deste cereal no país para cerca de oito meses, disse na altura o ministro da Agricultura cabo-verdiano, Gilberto Silva.
Essa quantidade foi distribuída aos operadores privados em regime de concurso, e a receita reverte para um fundo de contrapartida para financiamento de projetos de desenvolvimento socioeconómico em Cabo Verde.
A entrega foi referente ao acordo de ajuda alimentar assinado com o Governo do Japão em agosto de 2020, no valor de 250 milhões de ienes (1,9 milhões de euros).
Este carregamento de 1.050 toneladas de arroz soma-se à entrega de 2.564 toneladas no porto do Mindelo, em São Vicente, em dezembro de 2021.
Na semana passada, o ministro da Agricultura e Ambiente avançou que há 107 mil pessoas em situação de pressão alimentar no país e cerca 30 mil (9%) da população cabo-verdiana em situação de insegurança alimentar.
O governante pediu, por isso, uma “atenção especial” às zonas urbanas e periurbanas das cidades explicando que a situação no mundo está a levar não só ao êxodo rural, mas a fazer com que as famílias que vivem nas periferias das cidades estejam em situações de aflição quanto ao acesso financeiro aos alimentos.
“Muitas vezes os mercados têm esses produtos, há ‘stock’, o acesso físico está assegurado, mas é fundamental que as pessoas possam ter dinheiro também para adquirir os alimentos em quantidades suficientes para poderem satisfazer as suas necessidades”, sustentou.
Em 20 de junho, o primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, declarou a situação de emergência social e económica no país devido aos impactos da guerra na Ucrânia, esperando que isso permita acionar ajudas junto dos parceiros internacionais.
Cabo Verde fechou 2021 com uma inflação média anual de 1,9%, o valor mais alto desde 2013, mas para este ano as autoridades cabo-verdianas estimam que os preços aumentem na ordem dos 7%, como impacto da guerra.