O presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra, Jorge Custódio, mostrou-se preocupado com a Carta de Perigosidade de Incêndio Rural, por considerar que irá condicionar a atividade nos concelhos do interior do país.
“Estou muito apreensivo, porque alguns organismos intermédios acham que o problema dos incêndios só fica resolvido se tirarmos estas pessoas todas do interior e eu tenho que dizer que é precisamente o contrário”, considerou aquele autarca do distrito de Coimbra.
Segundo Jorge Custódio, a partir de 31 de março, o documento, elaborado com critérios definidos pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), poderá limitar 94% do território a vários níveis.
Há um ano, após “uma grande pressão por parte de vários autarcas”, o Governo suspendeu o documento, lembrou.
No entanto, acrescentou, “apesar de estar a haver algum contacto com a Associação Nacional de Municípios, percebe-se que o intuito da Carta de Perigosidade vai manter-se”.
Se assim for, isso “irá limitar claramente todos estes concelhos do interior na sua atividade”, avisou o autarca, explicando que, quando o risco de incêndio rural for considerado alto ou muito alto, será impossível realizar ações de iniciativa pública ou privada ou “receber investidores que possam querer instalar qualquer tipo de negócio”.
Até o “acesso e utilização de parques de merendas, praias fluviais e espaços dentro da floresta” fica “altamente condicionado”, afirmou.
No entender de Jorge Custódio, a metodologia usada pelo ICNF na construção da Carta de Perigosidade de Incêndio Rural é de base estatística e não tem em conta a realidade ou a necessidade dos territórios.
Neste âmbito, garantiu que o executivo que lidera “não vai desistir” e tentará sensibilizar o poder central.
“A Câmara Municipal terá que tomar alguma atitude rapidamente, sob pena de deixarmos este território deserto e isso não permitiremos que aconteça”, frisou.