Campanha de drones para avaliação visual de montados de azinho

Em setembro de 2021, três voos de drone foram realizados em Espanha e Portugal no âmbito do projeto “IA aplicada a um sistema de previsão e deteção precoce de Phytophthora cinnamomi em ecossistemas de montado/ dehesa“. Estes voos foram realizados em montados de azinho (Quercus Ilex) afetados por Phytophthora cinnamomi, nas localidades de Ourique e Avis (Portugal) e Alcuescar (Espanha), que apresentavam distintos tipos de gestão da terra, bem como de solo, vegetação e outras espécies no seu ambiente.

Os três voos foram realizados recorrendo ao drone Skymapper SKM2 VTOL, equipado com dois sensores que permitiram à equipa analisar o estado fisiológico da vegetação. Utilizou-se o sensor multiespectral MicaSense RedEdge-M, com cinco bandas espectrais na região do visível e do infravermelho, e o sensor térmico FLIR ThermalCapture 2.0 (lente de 13 mm). Durante a recolha de dados aéreos, os sensores foram submetidos a dois tipos de calibração.

Para a calibração e correção atmosférica do sensor multispectral, foi utilizado no solo um painel de refletância, bem como um sensor de irradiância solar, diretamente junto do sensor multiespetral, enquanto dois tecidos (branco e preto “mate”) e o solo nu foram utilizados como controlos de solo (“ground truth”) para a calibração térmica,utilizando-se em simultâneo termómetros portáteis Optris LaserSight.

Os planos de voo foram realizados abaixo da altitude legalmente permitida para o modelo de drone utilizado (120 m acima do nível do solo), tendo sido recolhida informação em 24, 27 e 39 linhas de voo nas áreas de Ourique, Alcuescar e Avis, respetivamente. O tempo médio de voo foi de cerca de 60 minutos e a sobreposição lateral e frontal das imagens ultrapassou os 70%. As linhas de voo são linhas no céu que o drone tem de percorrer de forma a cobrir toda a área pretendida, sem lacunas na recolha de dados. As linhas são geradas por um software que automatiza o cálculo com base na geometria da área de estudo e na altitude de voo do drone.

À recolha de dados em campo seguiu-se a chamada fase de pré-processamento de imagem, que trabalha as imagens em bruto (raw) com vista a obter imagens corretas para a análise subsequente. O pré-processamento difere ligeiramente do tipo de imagens obtidas, já que as imagens térmicas foram submetidas a um processo de sincronização mais laborioso, com vista à atribuição de uma correta posição geográfica. No final, as imagens de ambos os sensores foram unidas (stitched) num mosaico e ortorretificadas, a fim de corrigir distorções relativas ao terreno. Os mosaicos ortorretificados serão o ponto de partida para a análise de imagens e a aplicação do Modelo de Transferência Radiativa, a realizar no decorrer dos próximos meses.

Este projeto é financiado no quadro do Promove – O Futuro do Interior, programa da Fundação “la Caixa” lançado em parceria com o BPI e a FCT, com o objetivo de apoiar iniciativas inovadoras em domínios estratégicos para o desenvolvimento das regiões do Interior de Portugal.

O artigo foi publicado originalmente em InnovPlantProtect.


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