Lançamento do Manifesto Pelo Mundo Rural, iniciativa da ANPC – Associação Nacional de Proprietários Rurais, contou com a presença, entre outros, de Carlos Zorrinho, Álvaro Amaro, Nuno Melo e Paulo Sande, candidatos às Europeias, num aceso debate sobre “O Papel das Políticas Nacional e Europeia no Mundo Rural Português”.
Lisboa 11 de abril de 2019 – A Associação Nacional de Proprietários Rurais Gestão Cinegética e Biodiversidade (ANPC) lançou, esta quinta-feira, o Manifesto Pelo Mundo Rural Português, num evento que contou com a presença e apoio de várias figuras políticas, nomeadamente os candidatos às Europeias Carlos Zorrinho (PS), Álvaro Amaro (PSD), Nuno Melo (CDS-PP) e Paulo Sande (Aliança), e candidatos às Legislativas como Patrícia Fonseca (CDS-PP), Pedro do Carmo (PS) e Sofia Afonso Ferreira (D21), assim como do deputado social-democrata Nuno Serra e o líder da Juventude Popular Francisco Rodrigues dos Santos. O debate que marcou o lançamento do manifesto serviu para sublinhar a necessidade de alertar para as necessidades e realidades no Mundo Rural, muitas vezes esquecido.
Carlos Zorrinho defendeu “a necessidade de políticas de convergência entre o Mundo Rural e o Urbano”, reforçando que no atual panorama europeu “não faz sentido os cortes que se querem fazer nos fundos de proximidade e outras políticas de desenvolvimento rural”. Já Nuno Melo assumiu: “O meu compromisso com o Mundo Rural dura desde que nasci”. O centrista acusou ainda o atual Executivo de “desperdiçar recursos e fundos que nos fazem muita falta”.
Paulo Sande alertou para “o crescente desequilíbrio entre litoral e interior, que será fatal” e deixou um apelo: “Ajudem o Mundo Rural! Mais do que fundos, o Governo tem que ser descomplicador”. O social-democrata Álvaro Amaro defendeu a urgência de “lutar pela convergência e pelo desenvolvimento da Agricultura portuguesa” considerando que “não podemos aceitar passivamente que uma área tão essencial para a Economia nacional perca fundos”.
O Manifesto Pelo Mundo Rural pretende reunir apoios de todos os setores associados ao ruralismo (agricultura, pecuária, floresta e todas as atividades associadas, como a caça e a pesca, os produtos regionais, artesanato e turismo), num movimento de intervenção política e socioeconómica, de apelo ao respeito e tolerância pela cultura, identidade e realidade rural. O documento é ainda marcado pela vontade de unir Portugal, dando a conhecer o que está para lá da realidade urbana, muitas vezes desconhecido, negligenciado e, consequentemente, atacado.
Patrícia Fonseca reforçou que é “É preciso inverter o paradigma, uma vez que há uma grande maioria que não percebe a importância do Mundo Rural”, destacando a importância de movimentos como o Manifesto para informar e alertar os portugueses. Pedro do Carmo lembrou a necessidade de “colocar o Mundo Rural na agenda política e de combater o desequilíbrio eleitoral perante a desertificação do interior”.
Nuno Serra alertou para os extremismos decorrentes de movimentos associados ao animalismo, recordando que “o que respiramos, o que comemos, é tudo Mundo Rural e sem ele não há coesão social. Sofia Afonso Ferreira, líder do Democracia 21, destacou os ataques constantes a que estão sujeitos os defensores do Mundo Rural, perante verdadeiras máquinas de desinformação de partidos e movimentos proibicionistas e extremistas, especialmente nas redes sociais, apresentando como solução “a mudança radical na forma como se comunica o Mundo Rural”.
Por sua vez, Francisco Rodrigues dos Santos (Juventude Popular) afirmou que “é necessário aproximar os jovens das atividades do mundo rural, educando-os para essa realidade”, realçando no entanto que “há alguns jovens que já começaram a reconhecer a importância de ‘voltar às raízes’”.
“Um Manifesto positivo e agremiador pró e não contra; tolerante e não proibicionista; moderado e não radical ou extremista. É um Manifesto pela coesão social e territorial Nacional”, pode ler-se no documento.
António Paula Soares, presidente da ANPC, destaca a importância do manifesto no facto de “existir um fosso cada vez maior entre as comunidades urbanas e as rurais, não apenas em Portugal, mas em toda a Europa e no Mundo, estando esse afastamento na génese de movimentos populistas e extremistas, assim como de eleitorados vulneráveis”. O responsável, que agradeceu publicamente “apoio incansável de vários Deputados dos grupos parlamentares do PS, CDS, PSD e PCP ao Mundo Rural, em especial àqueles Deputados que lidam mais diretamente com estes temas na Comissão Parlamentar de Agricultura e Mar, conseguindo depois a extensão e cativação de apoio pelos restantes deputados, impedindo que algumas propostas que atacam o Mundo Rural, não tenham vingado”, salientando ainda que “os políticos e decisores têm uma responsabilidade acrescida de salvaguardar a nossa matriz rural e as funções essenciais destes espaços, para que seja assegurada a sustentabilidade e a coesão social e territorial Nacional” e finaliza, “O Mundo Rural precisa de ser defendido e apoiado, mas precisa igualmente de sair da caixa e conseguir comunicar com a população em geral, para que seja melhor compreendido, para que seja mais respeitado.”
No final do debate, todas as figuras políticas finalizaram a sua intervenção com um compromisso na defesa do Mundo Rural, em nome da união e de um Portugal com futuro.
Casa cheia no Grémio Literário para um debate que está longe de estar terminado.