Carne cultivada em laboratório chega aos restaurantes de Singapura

É difícil imaginar que o frango que nos chega à mesa possa ter sido criado em laboratório. Que vinha de quintas, de aviários ou, até, do “supermercado”, já todos sabíamos. Mas carne produzida através de células de animais? É a nova realidade da produção de alimentos sustentáveis e que, em pouco tempo, vai entrar nos restaurantes de Singapura, o primeiro país a nível mundial a autorizar a comercialização desta carne “amiga do ambiente”, evitando o sacrifício de animais.

O anúncio foi feito pela “start-up” norte-americana Eat Just, sediada em São Francisco, que se torna também na primeira da indústria de carne de laboratório a receber a aprovação de um Governo.

Para já, o produto chegará apenas no formato de “nuggets” – panados de frango – ou aperitivos, esclareceu a Agência de Segurança Alimentar de Singapura, que garante que, após extensas análises, concluiu que o alimento é adequado para consumo.

Um pequeno passo para o Homem, mas gigante para os que, há décadas, lutam para pôr fim à industria pecuária, que, além de ter vindo a ser acusada de crueldade animal, deixa uma pegada ecológica enorme.

Para vender em Singapura, a empresa criou a marca “Good Meat” (carne boa, em tradução livre). “Este é um momento histórico na indústria da comida”, disse Josh Tetrick, co-fundador e CEO da Eat Just, ao jornal norte-americano “The New York Times”. “Tenho a certeza de que a aprovação da regulação para carne cultivada será a primeira de muitas”, acrescentou.

Preço igual a frango premium
A Agência de Segurança Alimentar de Singapura incluiu a “carne cultivada ou baseada em células cultivadas em condições controladas” na sua definição de novos alimentos, juntamente com algumas espécies de algas, fungos e insetos, adianta o diário.

A produção tem sido a maior barreira, por ser complexa e dispendiosa, tornando o produto mais caro. Todavia, a Eat Just garantiu que tem feito “progressos consideráveis” na redução do custo.

Os “nuggets” de laboratório chegarão ao mercado com um preço semelhante ao de “frango premium num restaurante sofisticado”, esclareceu Tetrick, à agência noticiosa France Press.

Resta agora saber se outros países seguirão o exemplo vanguardista de Singapura. A pecuária é responsável, todos os anos, por cerca de 14,5% das emissões mundiais de gases de efeito estufa, o equivalente às emissões de todos os carros, camiões, aviões e navios combinados.

O consumo de carne tem vindo a ser classificado como ameaça ambiental, já que o gado produz metano, um poderoso gás de efeito estufa. Por outro lado, a desflorestação para dar lugar aos animais destrói barreiras naturais contra as mudanças climáticas, como é exemplo o que se tem visto na Amazónia, na América do Sul.

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