A freguesia de Carrapichana, no concelho de Celorico da Beira, recebe o Festival do Borrego Serra da Estrela DOP nos dias 25 e 26 de outubro. Este evento gastronómico visa “entronizar a excelência do Borrego Serra da Estrela DOP, produto endógeno singular, emblemático e estratégico, a par do queijo, intimamente ligado à rainha das pastagens serranas – a ovelha Serra da Estrela – verdadeiro motor do desenvolvimento socioeconómico local e identitário da região da Serra da Estrela”. Neste contexto, durante este fim de semana, a freguesia da Carrapichana ganha nova vida, colorido e dinamismo, ostentando um ambiente festivo em que a alegria e a animação variada e permanente são a tónica dominante. Coorganizado pelo município de Celorico da Beira e a Estrelacoop, com a colaboração da Junta de Freguesia da Carrapichana e da Ancose, o evento, segundo o presidente da Câmara, “é uma grande festa promotora da ruralidade celoricense, da cultura e das tradições”. Carlos Ascensão tem “as melhores expectativas” para o evento.
Gazeta Rural (GR): Que expectativas tem para este festival?
Carlos Ascensão (CA): As expectativas são as melhores, no sentido em que é um fim de semana de festa e de afirmação do território. A freguesia de Carrapichana é representativa de uma zona demarcada de queijo Serra da Estrela, mas também do borrego DOP Serra da Estrela. Isto significa que estamos a falar de um produto da excelência, entre outros. Aliado à festa, há esta afirmação daquilo que são as nossas tradições, a nossa história e a nossa identidade. Espero que tenhamos um grande fim de semana, com a animação garantida, com Sebastião Antunes e Jorge Guerreiro.
À semelhança de anos anteriores, vamos ter a Semana Gastronómica do Borrego, de 26 de outubro a 2 de novembro, com a adesão de 25 restaurantes, de 10 concelhos da região demarcada, que terão nas suas ementas pratos de excelência, tendo como ingrediente principal o Borrego Serra da Estrela DOP.
GR: Que importância tem este evento para o setor da pecuária, e nomeadamente da ovinicultura? CA: Acho que estes momentos, a par de outros festivais que fazemos ao longo do ano, para outros produtos, como a Feira Anual de São Miguel, é o restaurar da tradição e a afirmação de uma atividade que é marcante no concelho.
Este festival é para divulgar e valorizar um produto de excelência, que é o borrego Serra da Estrela. Não estamos a falar de um borrego qualquer. Estes festivais servem para valorizarmos um produto e prestar uma homenagem aos produtores, aos nossos pastores, e também tentarmos trazer algum retorno financeiro, porque nem sempre é valorizado aquilo que é bom e nem sempre devidamente divulgado. Estamos a falar de produtos que são de facto DOP, que se distinguem pela sua excelência, como o borrego, o queijo, o requeijão e os derivados. E podia falar aqui de uma panóplia de produtos de grande qualidade do nosso território.
Não estamos a falar apenas do borrego, que é o produto rei neste evento, mas estamos a falar de um território que precisa ser promovido, afirmado e divulgado, e este evento serve também para aumentar a oferta turística. Vivemos num território de montanha e de vale, que prima por ter um património natural e histórico fantástico, com um património gastronómico de excelência, mas também em termos de tradições, de saberes e sabores, com as pessoas fantásticas que por cá habitam, que são hospitaleiras e genuínas. Este é um trabalho que nos cabe fazer, porque, e a par disto, a tradição rural e a dureza do trabalho do campo sempre estiveram associados à festa. Daí os momentos lúdicos associados, com música e muita animação.
GR: Estamos na altura da castanha. Que feedback tem dos produtores do concelho?
CA: Não é um ano muito favorável. Nos concelhos à nossa volta a situação não é boa, em especial em concelhos como Trancoso, Meda, Sernancelhe e Penedono, afetados pelos incêndios, em que o peso da castanha é enorme.
Além disso, as condições climatéricas não ajudaram. Tivemos um verão muito seco e praticamente não tem chovido e o castanheiro precisa de alguma água para formar bem os ouriços e a castanha. O que se prevê é que a castanha não terá o calibre de outros anos, além de haverá alguma que será chocha, usando uma linguagem popular. Diria que, em termos de quantidade e qualidade, o ano não será favorável aos produtores de castanha.
Vamos ter o nosso Festival da Castanha em Prados, uma aldeia de montanha, a 8 e 9 de novembro, e prevejo que a castanha possa ter um preço mais elevado, atendendo, porventura, à quantidade de produção que vamos ter este ano.
O artigo foi publicado originalmente em Gazeta Rural.