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Catarina Martins considera que Portugal “precisa de soberania alimentar”

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, considerou hoje, no Fundão, que Portugal “precisa de soberania alimentar”, alertando que “é perigoso” ser muito dependente do exterior.

“A produção agrícola é fundamental no nosso país. É, aliás, também uma condição de segurança. O nosso país precisa de soberania alimentar, não ser tão dependente do exterior. Como estamos a ver isso é perigoso”, afirmou Catarina Martins.

A coordenadora do BE falava aos jornalista no mercado do Fundão, no distrito de Castelo Branco, onde contactou com produtores locais e ouviu preocupações sobre o aumento da inflação e do impacto desta na sua atividade e no preço dos produtos.

Segundo Catarina Martins, os agricultores nacionais estão a atravessar “uma situação cada vez mais difícil” devido aos incêndios, à seca e também ao elevado preço dos produtos nos mercados internacionais, como fertilizantes e energia.

No entanto, apontou que, “quem vai ao supermercado sabe que está a pagar muito mais pela alimentação, mas os produtores que estão a pagar a alta dos preços da energia e de tudo o mais que precisam para produzir não estão a receber aquilo que as pessoas estão a pagar mais no supermercado”.

“[Os produtores nacionais] estão a vender muito abaixo dos custos que têm. Portanto, temos aqui uma situação impossível”, observou.

Catarina Martins disse que contactou com produtores do Fundão, no interior do país, uma região conhecida pela produção de cereja, azeite e queijo, e os produtores dizem “que não sabem se conseguem continuar” com a atividade.

“Porque os preços sobem, mas eles continuam a receber mais ou menos o mesmo que recebiam pela produção. E os consumidores estão a pagar mais no supermercado. Quem é que fica com o dinheiro? Nós temos uma ideia, é a grande distribuição”, justificou.

Lembrou que o grupo Jerónimo Martins “aumentou os lucros em 40% só no último semestre” e o grupo Sonae “duplicou os lucros”.

“Só nestas duas empresas da grande distribuição são mais de mil milhões de euros de lucro neste período. Em que os consumidores pagam mais no supermercado, mas os produtores não recebem para os custos que têm com a alta de preços. E, portanto, a solução parece-nos clara”, disse.

“É preciso um imposto sobre lucros excessivos, que aliás, a Comissão Europeia vem apelando a ele, para podermos cobrar à grande distribuição os lucros quem tem tido e colocar nos produtores o apoio de que eles precisam para que Portugal possa continuar a ter produção agrícola”, insistiu.

Na opinião de Catarina Martins, “isso é fundamental neste momento”, porque o país já tem um problema de pouca produção, de territórios cada vez com menos gente e com menos agricultura.

“Precisamos de agricultores, precisamos de agricultores com apoio e não podemos [ter] mais esta situação em que quem vai à prateleira do supermercado paga cada vez mais, mas o dinheiro nunca vai para os produtores que, esses sim, estão a pagar mais pelo gasóleo do trator, pelo fertilizante de que precisam”, concluiu.


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