A coordenadora do BE, Catarina Martins, criticou hoje a economia que vive da “miséria e da exploração” de imigrantes, nomeadamente a agricultura intensiva, que acusou de estar a deixar um “rasto de desastre” no território português.
“A agricultura intensiva está a espalhar-se pelo território português e está a espalhar-se pelo território português deixando um rasto de desastre. A agricultura intensiva está a deixar o rasto do desastre nos solos, completamente deteriorados, como está a deixar o rasto do desastre da água inquinada e, sobretudo, deste desastre humano que é uma economia que vive da miséria e da exploração”, afirmou.
Catarina Martins falava no Fundão, no distrito de Castelo Branco, no encerramento da iniciativa “Semear Coesão – o Encontro do Interior do Avesso 2023”, que decorreu ao longo do dia, com o objetivo de promover a discussão sobre os assuntos e desafios para quem vive, trabalha, estuda ou é ativista no interior.
Ao fechar a sessão, a líder bloquista considerou que os problemas que se vivem no país estão muito relacionados com o que chamou de “economia rentista e de privilégio”, com alguns a tirarem proveito dos financiamentos públicos que são prometidos e da incapacidade do país ter um projeto de desenvolvimento económico e de coesão territorial.
A falar num concelho do interior do país, a coordenadora do Bloco de Esquerda também considerou que existe uma visão “extrativista” desse território e deu como exemplo a questão da agricultura intensiva, destacando que esta não abarca apenas o Alentejo, e apontou os problemas que estão associados a esta atividade.
Nesse ponto, recordou a questão dos imigrantes que são chamados para “trabalharem por ‘tuta e meia’ e sem nenhuns direitos”.
Lembrando que estes acabam o dia a dormir “numa qualquer camarata de 20 pessoas”, apontou o dedo à economia, que nunca pensa onde é que estes vão morar ou como vão morar.
Catarina Martins sublinhou que o país precisa destas pessoas, mas também exigiu “respeito absoluto” para elas.
“Claro que nós precisamos [dos imigrantes] e precisamos, como toda a gente, que vivam de cabeça erguida e com toda a dignidade, com respeito absoluto pelos direitos do trabalho e pelos direitos humanos que queremos para qualquer pessoa no nosso país”.