Central do Pego: cortar emissões ou cortar florestas? – João Reis

O plano de recuperação para a crise económica espoletada pela pandemia poderá acabar a financiar projetos privados que contribuem para o caos climático e para a destruição florestal.

Mais um projeto de descarbonização, mais um falhanço. Em 2019, o Governo do PS contrariou o seu próprio programa e antecipou, de 2025 para este ano, o fecho da central a carvão do Pego. O encerramento da instalação na zona de Abrantes deverá acontecer até novembro. No entanto, o que é vendido como um passo para a transição energética, afigura-se apenas como uma alteração de como emitir gases com efeito de estufa enquanto se destrói a floresta.

Existem poucas dúvidas sobre a necessidade de abandonar o carvão. Dada a carga poluente, até a União Europeia considera deixar este combustível fóssil para trás. Mas sem reduzir a quantidade de energia consumida, resta saber qual a alternativa de produção, e em casos como o da central do Pego, a operação reduz-se à estética.

O truque passa pela substituição da combustão do carvão por outra forma poluente de produzir energia. No caso da central do Pego, é anunciado pela TrustEnergy – acionista maioritário da infraestrutura – que o carvão deixará de ser utilizado, transitando para a “produção de Energia Verde nas suas várias formas”. Quais são as formas? Para a “solução a curto prazo (…)” aponta-se para “resíduos florestais locais”, ou seja, o recurso à biomassa.

O termo biomassa soa sofisticado, no entanto não vai além de queimar árvores. Depois das florestas serem devastadas, a madeira é transformada em pellets, que depois são queimados para produzir energia elétrica. Apesar dos pellets serem publicitados como provenientes dos resíduos do abatimento de árvores, estes acabam por consistir nas próprias

João Reis, Investigador em Finanças e ativista do Climáximo

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