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Chuvadas na Califórnia acabaram com uma seca que durava há três anos

O Estado norte-americano da Califórnia prepara-se para mais chuvadas e tempestades nos próximos dias, enquanto ainda se debate com os efeitos de níveis anormais de precipitação, que acabaram com uma seca que durava há três anos.

Foi um “rio atmosférico” de acordo com o cientista climático Daniel Swain, do National Center for Atmospheric Research, que disse à Lusa por escrito estar a receber “um número avassalador de pedidos de assistência, aconselhamento e entrevistas” devido às tempestades.

A situação é pouco comum num estado mais habituado aos fogos e à seca. Só a cidade de São Francisco registou desde o dia de Natal o mesmo volume de precipitação que teria normalmente em meio ano.

A previsão é de mais chuva e pelo menos quatro tempestades durante os próximos dez dias.

Swain, que trabalha também na Universidade da Califórnia em Los Angeles, UCLA, publicou em agosto de 2022 um estudo científico sobre o aumento do risco de “megacheias” na Califórnia devido à crise climática.

A pesquisa do cientista, em coautoria com Xingying Huang, mostra que as alterações climáticas aumentam o risco de mais eventos “capazes de provocar cheias catastróficas” como o rio atmosférico que está a gerar a precipitação anormal na Califórnia.

Na pequena vila de Planada, uma comunidade rural no vale central da Califórnia, as autoridades ordenaram a evacuação dos quatro mil residentes depois de chuvas torrenciais e o rebentamento de um dique terem causado cheias sem precedentes.

As ordens de evacuação em Planada repetiram-se em muitas outras localidades, como Monterey, Santa Barbara e Montecito, já depois de o governador da Califórnia Gavin Newsom ter pedido à Casa Branca uma Declaração de Emergência Presidencial, que o presidente Joe Biden aprovou para desbloquear ajudas ao estado.

Pelo menos 17 pessoas morreram e milhares foram evacuadas em várias partes da Califórnia devido a cheias e deslizamentos, na sequência deste volume anormal de neve e chuva que começou por afetar a região norte e se alargou para o sul.

“Estamos no meio de uma série mortífera de tempestades de inverno e a Califórnia está a usar todos os recursos ao seu dispor para proteger vidas e limitar os danos”, disse o governador Gavin Newsom em conferência de imprensa.

A meio da semana, o Serviço Nacional de Meteorologia registou um tornado de classificação EF-1 na vila de Milton, a nordeste de São José, causando “danos extensos” ao derrubar e arrancar pelas raizes um número significativo de árvores.

“Estamos a levar a ameaça destas tempestades a sério e queremos garantir que os californianos se mantêm vigilantes à medida que se aproximam mais tempestades”, afirmou Newsom.

As 17 mortes registadas ocorreram em vários condados, de San Bernardino no sul a Mendocino no norte, sendo causadas principalmente por quedas de árvores e veículos levados pela água com os condutores presos lá dentro.

Várias celebridades foram apanhadas pelas cheias e pelas ordens de evacuação, como foi o caso de Ellen DeGeneres em Montecito, vila onde também moram Oprah Winfrey e o Príncipe Harry e Meghan Markle.

Também o ator Kevin Costner não compareceu na cerimónia dos Globos de Ouro, esta semana, para aceitar a estatueta atribuída por “Yellowstone”, por estar sob ordens de confinamento em Santa Barbara devido às chuvas torrenciais.

De acordo com os últimos dados do U.S. Drought Monitor, com informação compilada até 10 de janeiro, a “seca excecional” que atingiu a Califórnia nos últimos três anos praticamente desapareceu em poucas semanas.

O responsável do gabinete de Serviços de Emergência do governo da Califórnia, Brian Ferguson, disse que desde a década de 90 que não se via tanta chuva de uma vez no estado.


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