Cientistas contestam artigo sobre aumento “abrupto” do corte de florestas na Europa

O artigo agora publicado tem entre os seus autores a portuguesa Margarida Tomé. Grupo de cientistas ligados à floresta defendem que houve problemas na metodologia utilizada pelos investigadores do JCR.

Um grupo de cientistas ligados à floresta, incluindo a portuguesa Margarida Tomé, contestaram os resultados de um artigo publicado no Verão do ano passado, que apontava para um aumento “abrupto” do corte de árvores nas florestas da União Europeia, indicando como causa mais provável para esse facto a estratégia política europeia nas áreas da bioeconomia e da bioenergia. O artigo inicial e o que o põe em causa foram publicados na revista Nature, numa polémica pouco habitual na revista científica que apenas publica textos que tenham sido revistos pelos pares. A contestação, publicada esta semana na Nature, refere que há um aumento do corte de árvores, mas muito mais ligeiro do que o sugerido pelo artigo alvo de críticas.

O artigo Abrupt increase in harvested forest area over Europe after 2015 (Aumento abrupto de área florestal cortada na Europa depois de 2015) foi publicado em Julho do ano passado e é da autoria de vários investigadores do European Comission’s Joint Research Centre (JCR). Recorrendo a dados recolhidos por satélite, os autores concluíam que houve um aumento da área sujeita ao corte de madeira de 49% e de perda de biomassa florestal de 69%, entre 2016 e 2018, comparando com o período entre 2011 e 2015. A Península Ibérica (em particular Portugal) e os países bálticos eram as zonas em que, supostamente, o aumento do corte de madeira tinha levado a uma maior perda de área florestal.

No caso português, os autores concluíam que, entre 2016 e 2018, tinha havido um aumento de 214% do tamanho médio da área de floresta cortada, em comparação com o período entre 2004-2015 – de longe, o mais elevado de toda a Europa, segundo o estudo da JCR. “Isto é impossível, estamos a cortar áreas cada vez mais pequenas. Além de que, na sequência dos incêndios de 2017 foi publicada legislação que proíbe o corte de pinheiro que não fosse queimado”, diz a engenheira florestal Margarida Tomé, do Centro de Estudos Florestais do Instituto Superior de Agronomia (ISA) da Universidade de Lisboa.

Portugal acusado

A também presidente do conselho científico do ISA é uma das autoras do artigo Concerns about reported harvests in European forests (Preocupações sobre os cortes

Continue a ler este artigo no Público.


por

Etiquetas: