Os autarcas da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Coimbra estão preocupados com a nova Carta de Perigosidade de Incêndio Rural publicada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
Segundo um comunicado da CIM da Região de Coimbra, na última reunião do Conselho Intermunicipal foi abordado remeter uma nota de preocupação ao Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e à Agência para a Gestão Integradas de Fogos Rurais (AGIF), pela maneira como foi elaborada a nova cartografia de perigo de incêndio rural.
“Esta cartografia incrementa, sem critério objetivo, as classes de perigosidade muito alta e alta, nomeadamente no interior da região, impossibilitando os investimentos e atividades económicas que poderão ser de enorme relevo para a alteração do paradigma dos incêndios rurais e para combater o êxodo rural no interior da região”, sustenta, citado na nota de imprensa, o presidente da CIM, Emílio Torrão.
“Além disso, nos dias de maior risco de incêndio rural, impossibilita o usufruto, por parte da população e dos visitantes da região, da rede de percursos pedestres e de um conjunto de investimentos do turismo de natureza que foram feitos nos últimos anos pelas autarquias, ao invés de impulsionar formas e mecanismos de adequação”, sublinha.
Os autarcas consideram que uma das formas de prevenção e mitigação dos incêndios rurais faz-se com a atração de pessoas e investimento para o território.
A nova cartografia, na perspetiva dos autarcas, “não representa a estratégia e a política que o país tem traçado para a valorização dos territórios do interior”.
“Esta cartografia preocupa os municípios, porque condiciona a oportunidade a investimentos e ao usufruto daquilo que são as áreas naturais e ao turismo de natureza do nosso território, não demonstrando nenhuma preocupação com processos de mitigação ou adaptação”, frisa, Emílio Torrão.
Os autarcas estranham ainda que a cartografia produzida pelo ICNF, em março, “não tenha sido alvo de consulta pública, ao contrário das anteriores cartografias produzidas pelos municípios que integraram os planos municipais de defesa da floresta contra os incêndios e os planos diretores municipais, situação que retira a possibilidade de, no decurso de um período de consulta pública, se manifestarem sobre o resultado final e impacto que isto poderá ter nos territórios”, lê-se no comunicado.
Considerando esta situação, a CIM da Região de Coimbra dá nota de que o ICNF vai ser questionado sobre a metodologia de elaboração da Carta de Perigosidade de Incêndio Rural.
Integram da CIM Região de Coimbra os municípios de Arganil, Cantanhede, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Figueira da Foz, Góis, Lousã, Mira, Miranda do Corvo, Montemor-o-Velho, Oliveira do Hospital, Pampilhosa da Serra, Penacova, Penela, Soure, Tábua e Vila Nova de Poiares, do distrito de Coimbra, e Mealhada e Mortágua, dos distritos de Aveiro e de Viseu, respetivamente.