Coerência, e não conveniência, precisa-se! – Maria Cândida Marramaque

A adesão a um determinado estilo de vida depende, em última análise e excluindo entre outras as questões culturais, religiosas e de saúde, do livre arbítrio. Da simpatia desenvolvida por determinado movimento, com base no conhecimento e consciencialização ideológica, ou do só porque sim, porque viu um filme, porque segue um blog ou um artista, etc.

Venho reflectir aqui numa atitude que digo não pensada, por quem adere a um estilo de vida que afasta da sua alimentação os produtos de origem animal, seja por que motivo for.

Esta atitude atinge não só os que optam por um destes estilos de vida, mas também os demais variados elementos da sociedade, tocando políticos, profissionais de saúde, imprensa e de quem escreve sobre alimentação e gastronomia, à distribuição/retalho, nas suas diferentes formas, passando na restauração, na produção e rotulagem de alimentos e por fim chegando aos consumidores.

Ao estilo, “olha pró que eu faço, mas não olhes para o que eu digo”.

Pergunto agora, se uma alimentação que excluiu os produtos animais, não deveria ter como princípio a exclusão dos termos e designações aplicadas aos produtos de origem animal do seu léxico? Não deveria um defensor acérrimo da vida sem alimentos de origem animal, excluir da terminologia dos produtos de origem vegetal os “prefixos” leite, queijo, iogurte ou manteiga?

Sim! Desde logo porque sabe que tais termos são pertença e característica do leite e dos produtos lácteos. Mas com facilidade pronunciam “leite de aveia”, “iogurte de soja”, “queijo vegetal”. Não é isto um contrassenso?
Não deveriam, em coerência, enveredar só pelas terminologias vegetais, que já existem, reflectindo assim a adesão total a esse estilo de vida? Bebida vegetal, creme para barrar/pasta vegetal, fermentado de bebida vegetal, e afins?

A distância real que procuram para com aos alimentos de origem animal, deveria causar a real distância dos termos e expressões dos produtos de origem animal, para os produtos vegetais.

Com a certeza de que respeito na totalidade todos os que optam por um estilo de vida sem ingestão de produtos de origem animal, em defesa dos termos e designação do leite e produtos lácteos, que se encontram devidamente protegidos por regulamentação específica, e sector que represento, convenhamos que no que toca à denominação dos produtos alimentares, coerência, e não conveniência, precisa-se!

1 de Março de 2019

Maria Cândida Marramaque

Directora-Geral da ANIL


Publicado

em

por

Etiquetas: